Havia ainda jogos das meias-finais pelo meio, todos aguardavam aquilo que acabou mesmo por acontecer. Apenas oito dias depois do jogo do título entre Sporting e FC Porto no Pavilhão João Rocha, que acabou com a vitória por 37-35 para os leões que voltaram a ganhar o título quebrando uma hegemonia dos dragões que ia durando desde 2018/19. Agora, com o Campeonato no passado, ambos os conjuntos tinham objetivos por concretizar. Do lado dos lisboetas, a possibilidade conseguir a primeira dobradinha desde 2000/01 ou de 2004/05, quando existia a cisão de provas entre Liga de andebol e Divisão de Elite. Da parte dos portistas, a hipótese de corrigir essa perda do Campeonato evitando que os rivais ganhassem tudo no plano nacional.

Eles viveram à espera do dia de ter a alegria de ver o Sporting campeão: leões derrotam FC Porto e conquistam Campeonato de andebol

Antes, as duas melhores equipas nacionais (esta temporada a anos luz de um Benfica fustigado por lesões nos elementos nucleares) não tiveram dificuldades em chegar à final, num caminho que começou com um triunfo do Sporting frente ao Belenenses por claros 28-20. “Fizemos um grande jogo na defesa. Sofrer 20 golos com a quantidade de situações de 7×6 que o Belenenses foi procurando durante o jogo… Falhámos em excesso mas diria que as competições se ganham na defesa e tivemos o necessário para conquistar esta vitória. Demos uma boa resposta, foi importante estarem todos disponíveis e com concentração. Temos de retificar algumas coisas, mas o mais importante era dar o passo em frente e estar na final”, destacou Ricardo Costa, técnico dos leões com passado nos azuis e brancos que quebrou um jejum de seis anos sem títulos.

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De seguida, o FC Porto também não facilitou diante do Póvoa e ganhou com uma margem folgada de nove golos por 39-30. “A final com o Sporting vai a ser um jogo muito duro, tanto física como mentalmente, por isso temos de estar preparados para lutar com tudo. Queremos muito este título, é muito importante para a nossa equipa pois queremos fechar a época da melhor maneira. Temos de manter a cabeça fria e estarmos sempre concentrados, o que é difícil, pois estes jogos são muitos quentes, mas temos de manter-nos focados para alcançar o resultado final que queremos”, apontou o antigo lateral leonino Pedro Valdés, que se transferiu para o Dragão Arena no ano em que Martim e Kiko Costa fizeram o sentido contrário na carreira.

Agora surgia o sexto clássico da temporada, que reeditava também a final da Taça de Portugal da temporada transata que terminou com uma vitória do Sporting no prolongamento por 36-35, e com os leões em clara vantagem no confronto direto com quatro triunfos em cinco partidas, sendo que a única derrota no Dragão Arena durante a fase final coincidiu com o único desaire no plano nacional ao longo da época. Agora, voltou a imperar a lei do mais forte nesta temporada de “viragem” no panorama do andebol, com o Sporting a passar ao lado de um período mais atribulado no segundo tempo pela vantagem que trazia da primeira parte e a revalidar a conquista da Taça de Portugal (18.ª do historial, o máximo em termos nacionais), carimbando de vez aquela que foi a melhor temporada dos leões na modalidade com um inédito triplete.

O encontro até começou com um golo inicial de Thorkelsson de sete metros mas foi o FC Porto a assumir o comando das operações, com uma vantagem de dois golos (3-1) assente sobretudo na boa defesa que passou depois para 5-4. A partir dos oito minutos, tudo mudou de forma radical: Leonel Maciel começou a aparecer na baliza do Sporting, as transições rápidas foram saindo da forma fluida que caracteriza o jogo ofensivo dos leões, Jan Gurri teve uma grande entrada na partida e a vantagem chegou a ser de cinco golos para a equipa lisboeta, reduzida em cima da buzina num livre de nove metros por Nikolaj Laeso que sofreu ainda um ligeiro desvio na barreira para 18-14. Thorkelsson e Gurri eram os melhores marcadores do encontro (quatro cada) seguidos por Rui Silva (três) após 30 minutos onde a desvantagem dos dragões até era lisonjeira.

Os minutos iniciais do segundo tempo mostraram outra face do FC Porto, a criar dificuldades ao ataque organizado do Sporting e a procurar outras soluções em termos ofensivos. Contudo, havia sempre algo que nos momentos chave não corria bem para os azuis e brancos. O remate não saía bem, o passe ia demasiado para a frente, a tentativa de acelerar de um lado acabava em situações 1×0 no outro. Só mesmo aos 40′ houve uma reação mais forte, numa altura em que os leões estiveram num momento reduzido a dois e num outro com menos três jogadores entre ânimos muito exaltados no Municipal de Viseu com os dragões a passarem para 23-22 com mais de 15 minutos ainda por jogar. Era ali que estava a chave de tudo mas o Sporting foi a tempo de ganhar o equilíbrio técnico, tático e sobretudo mental, voltou a chegar a mais vantagens de quatro/cinco golos e fechou o triunfo por 34-30 para gáudio dos muitos adeptos presentes no Pavilhão.