Pode não ser o elemento mais preponderante do Real Madrid, nem tão pouco aquele que mais faz disparar o coração dos adeptos ou venda mais camisolas, mas a importância de Dani Carvajal nos merengues alastra-se dentro das quatro linhas e estende-se ao que acontece fora dos relvados. É certo que não estamos a falar de um dos principais laterais que já passou pelo futebol europeu, mas estamos a falar de um dos melhores de sempre, que, desde sábado, inscreveu o seu nome nos livros da história do futebol mundial.

Não é sorte, não é fortuna, não é por acaso. É o ADN de quem só sabe ser o maior do mundo (a crónica da final da Liga dos Campeões)

Corria o minuto 74 da final da Liga dos Campeões, em Wembley, frente ao B. Dortmund, quando Toni Kroos bateu um pontapé de canto para a zona do primeiro poste. No alto dos seus 173 centímetros, o lateral do Real cabeceou para o golo inaugural (com essa curiosidade de ter feito um movimento que, apenas uns minutos antes, tinha feito passar a bola perto do poste). Pouco depois, Vinícius Júnior sentenciou a partida. Estava, assim, feita história. Com a 15.ª Liga dos Campeões madrilena, Carvajal, Nacho, Modric e Kroos ergueram pela sexta vez a orelhuda, igualando o registo alcançado por Paco Gento… há 58 anos.

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As horas que se seguiram continuaram a ser especiais para Carvajal que, apesar de ter 32 anos e seis Ligas dos Campeões no seu currículo, celebrou como se fosse o primeiro troféu da sua carreira. “Estou muito feliz por ingressar num lote tão seleto de cinco jogadores. Vai ser cada vez mais difícil tirarem-nos isso porque é muito difícil ganhar. Vejo-me com possibilidades de ganhar mais de seis [Champions]”, contou no relvado de Wembley, que abandonou com a taça de campeão da Europa e o prémio de MVP da partida.

Os festejos continuarem em território espanhol, com a habitual cerimónia de coroação na mítica Cibeles. Foi aí que o o internacional espanhol foi surpreendido pelo… progenitor. No percurso feito de autocarro, o pai de Carvajal foi um dos polícias escalados para escoltar a comitiva do Real Madrid. A cavalo, as imagens que circulam nas redes sociais permitem ver a emoção do pai a acompanhar um dos momentos mais marcantes da vida do filho. A terminar um caminho de glória, o lateral foi ao encontro do progenitor e juntos pousaram para os jornalistas com a orelhuda.

A preparação para aquele momento começou, na verdade, meses antes. Reformado da unidade de cavalaria, na qual esteve bastantes vezes nas imediações do Estádio Santiago Bernabéu, Mariano Carvajal voltou a montar o cavalo e preparou tudo ao pormenor para o fazer na noite de coroação do Real em Madrid, já que, há três semanas, não esteve presente nos festejos da La Liga.

A importância de Carvajal nas bolas paradas

Com apenas 1,73 metros, era impensável ver Carvajal como homem alvo do Real nos lances de bolas paradas. Impensável… até esta época. Preparado por Carlo Ancelotti e a sua equipa técnica para se transfigurar como jogador, a importância do internacional espanhol em campo na presente temporada também passou pelo momento ofensivo e a presença na área adversária. “Nem tudo é altura. Entrar em duelos e saltar com determinação, muitas vezes leva ao sucesso”, partilhou Carvajal, internacional espanhol que ainda passou pelo Bayer Leverkusen em 2012/13 e está há mais de uma década nos seniores do Real.

“Nas bolas paradas ele é muito bom porque é pequeno e dizem que ele não faz nada. É muito bom porque é muito reativo dentro da área”, confidenciou, por sua vez, Ancelotti, explicando o porquê de apostar no “pequeno” lateral para as bolas paradas. Em Londres, a importância de Carvajal veio ao de cima com o golo na final, num esquema tático em que o espanhol ganhou a bola a Füllkrug, que é… 16 centímetros mais alto.