Maior equilíbrio e mais imprevisibilidade era difícil. Com tempo para prepararem a final depois de partidas das meias-finais com dificuldades diferentes, entre “passeios” do Benfica diante da Oliveirense e encontros mais competitivos do FC Porto frente à Ovarense, o Dragão Arena recebia o jogo 1 da final entre as melhores equipas nacionais da temporada com dois triunfos para cada lado em 2023/24. Os azuis e brancos ganharam na fase regular por claros 79-62 em casa e conquistaram a Taça de Portugal por 81-78, os encarnados foram melhores na fase regular em casa por 84-78 e ganharam a Taça Hugo dos Santos por 72-66. Ponto comum em todos os encontros? A variação de momentos por cima das duas equipas e a capacidade de agarrarem no jogo quando estavam melhores. Foi isso que o Benfica fez, foi isso que o FC Porto nunca conseguiu.

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O primeiro período, apesar da vantagem de seis pontos para os lisboetas, confirmou esse teórico equilíbrio. O que fez a diferença? A capacidade que o Benfica teve em explorar a vantagem física de Terrell Carter debaixo do cesto, com o poste a fazer dez pontos noutros tantos minutos que colocavam os visitantes na frente por 22-16 contra os seis de Anthony Barber e Phil Fayne que tentavam disfarçar essas lacunas defensivas e os problemas ofensivos criados pela agressividade (positiva) dos encarnados. Num instante, tudo mudou.

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“Vai ser um jogo físico que irá exigir muita força mental e energia. Os adeptos podem acreditar que vamos esforçar-nos tanto quanto nos é exigido. Isso significa que vamos dar tudo. Era bom ganharmos algum balanço no jogo 11. Estamos empatados a dois contra o Benfica esta época e temos que entrar em campo prontos a demonstrar o que valemos. O fator casa é uma ajuda porque os nossos adeptos são os melhores em Portugal”, tinha comentado antes do encontro Tanner Omlid, norte-americano que ganhou o prémio de Melhor Defesa da Liga e que funcionou como um dos grandes destaques portistas ao longo da temporada.

Com casa cheia, o Dragão Arena quase explodiu com a entrada a todo o gás do FC Porto e de Barber, que fez oito pontos consecutivos com dois triplos pelo meio e colocou os dragões na frente por 24-22. A partida ia ganhando maiores focos de tensão, como aconteceu numa bola dividida entre Miguel Queiroz e Ivan Almeida com Miguel Maria pelo meio, mas aquilo que mais ficava era que, na fase em que estava melhor, os azuis e brancos não conseguiram capitalizar essa supremacia, “parando” no plano ofensivo e deixando que o Benfica voltasse a ser melhor no ataque, com Aaron Broussard a recolocar os encarnados na frente com um triplo (31-29) e a estabilizar a equipa para terminar na frente ao intervalo por seis pontos (41-35).

Depois, tudo mudou e o parcial de 23-10 no terceiro período acabou com tudo. Logo a abrir, o Benfica fez dez pontos consecutivos perante o total eclipse do ataque dos dragões, nunca tirou o pé do acelerador perante avanços de 16 (51-35 e 53-37) e 17 pontos (58-41) e acabou com episódios ainda mais improváveis como um triplo à tabela após corrida nos últimos segundos de Daniel Relvão que fez o 64-45 no final do terceiro parcial. O encontro estava resolvido sem história possível, sendo que nem assim os encarnados quiseram parar de mostrar o seu melhor jogo, terminando com uma vitória clara (e até inesperada) por 89-66.

“Não é fácil ganhar duas vezes, é mais difícil ganhar três vezes seguidas, mas vamos focar-nos no desejo de voltar a vencer. Há um grande escritor, Mia Couto, que diz que o cansaço não surge do trabalho, surge quando não se tem sonhos. O meu papel é concretizarmos o sonho de sermos tricampeões nacionais. É uma final, as equipas estão nestes momentos para vencer. Estamos no nosso melhor da época, muito focados. Acredito na minha equipa para jogarmos bem coletivamente, a defender e a atacar. O FC Porto tem grande capacidade, grandes jogadores , desequilibra no 1×1 mas temos de dar resposta coletiva”, tinha pedido Norberto Alves, treinador do Benfica, antes do encontro. E a resposta dificilmente poderia ser mais forte.