Apesar das primeiras bactérias boas dos intestinos se formarem durante o nascimento e a amamentação, somos nós os responsáveis por modelá-las ao longo da vida, através das escolhas alimentares que fazemos.  A resposta para muitos dos problemas de saúde está no intestino e a chave para os resolver está naquilo que comemos. Por isso, a alimentação é fulcral para tornar este órgão num aliado para a vida.

O impacto da alimentação no bem-estar digestivo

Há quem diga que somos o que comemos, e é caso para dizer que o nosso Intestino-Cérebro é também feito disso mesmo. Manter este eixo equilibrado passa, em grande parte, por tudo aquilo que escolhemos colocar no prato. A melhor forma de tomarmos conta do microbioma e da nossa saúde em geral, é mesmo seguindo uma dieta saudável, rica em fruta, vegetais e fibra, e baixa em gordura, açúcar e alimentos processados.

“A abordagem dietética está diretamente relacionada ao eixo intestino-cérebro devido à influência significativa que a dieta exerce sobre a composição e função do microbioma intestinal”, refere Maria Inês Antunes, continuando: “Uma dieta equilibrada e saudável pode promover um microbioma intestinal diversificado e saudável, o que pode ter efeitos benéficos na função cerebral e no bem-estar mental. Por outro lado, uma dieta desequilibrada, rica em alimentos processados, gorduras saturadas e açúcares refinados, pode promover um microbioma intestinal disfuncional, associado a inflamação e stress oxidativo, que por sua vez podem afetar negativamente a função cerebral. Assim, a abordagem dietética desempenha um papel importante na modulação do eixo intestino-cérebro e pode ser uma estratégia terapêutica eficaz”.

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Novas gerações de alimentos – geração Bioticos

A evolução do conhecimento na área da nutrição, da investigação e inovação alimentar tem vindo a acrescentar valor à nossa dieta alimentar, com novas propostas alimentares, nomeadamente no que à saúde intestinal diz respeito. Vamos chamar-lhes alimentos funcionais que para além da componente nutritiva acrescentam propriedades benéficas ao bem estar digestivo e impactam positivamente a microbiota intestinal.

Alimentos com maior ou menor teor de fibra e propriedades pré-bióticas, como a cebola, o alho, o alho francês, os espargos, alimentos ou bebidas fermentadas com propriedades probióticas como o iogurte, o kefir ou a kombucha, podem ajudar a restaurar ou manter um equilíbrio saudável da microbiota intestinal, auxiliam na digestão, fortalecem o sistema imunitário. Atualmente também estão a ser desenvolvidos produtos alimentares que contém posbióticos, uma inovação no mundo dos “bióticos”, que são soluções resultantes da fermentação de probióticos ou outros substratos alimentares, submetidos ao processo de tindalização, mas que preservam os componentes benéficos produzidos durante a fermentação. A inovação mais recente neste contexto é o leite com fermentado de bifidobactérias tindalizadas, uma inovação que antecipa o futuro do leite, dotando-o de características até aqui inexistentes em leite ou num produto ambiente.

A conclusão parece óbvia: é efetivo este conceito de segundo cérebro e manter um intestino saudável é contribuir para uma vida saudável, para o bem-estar físico e mental. Mas fiquemos cientes de uma grande verdade! A alimentação tem um papel fundamental, mas deve ser acompanhada de outras rotinas saudáveis.

Pequenas dicas?

  • Coma devagar, mastigue bem os alimentos.
  • Evite alimentos processados e ricos em gorduras.
  • Procure equilibrar os níveis de stress.
  • Pratique exercício de forma regular.

A prática de exercício físico aumenta o nível de Dopamina no corpo, melhora a obstipação e é um aliado poderoso no controlo de peso e na gestão do stress, outro dos fatores a ter impacto no nosso bem-estar físico e mental.

Como vê, não é impossível incluir alguns destes passos na sua rotina. Provavelmente já os faz sem ter a real noção do impacto que têm na sua saúde, e nesta relação cúmplice intestino cérebro.

No dia 7 de maio falámos sobre a relação entre o nosso cérebro e intestino. A talk “O cérebro que não sabia a importância do intestino”, contou com Eduardo Sá, Psicólogo Clínico e Psicanalista, e Miguel Raimundo, Presidente da SPIMP, Sociedade Portuguesa para a Inovação em Microbioma e Probióticos, numa conversa moderada pela host Ana Filipa Rosa. Assista aqui.

Este artigo faz parte do projeto “O cérebro que não sabia a importância do intestino