O Tribunal Central de Instrução Criminal confirmou esta terça-feira que Luís Filipe Vieira, a SAD do Benfica, o antigo administrador Domingos Soares Oliveira e o ex-diretor financeiro Miguel Moreira vão a julgamento no Processo Saco Azul. Em causa está a montagem de um esquema de prestação fictícia de serviços informáticos para fazer circular dinheiro no clube. A notícia está a ser avançada pelo JN.

Além dos 1,4 milhões de euros em numerário que o esquema do saco azul do Benfica terá gerado e que levaram à acusação de fraude fiscal e falsificação de documento contra Luís Filipe Vieira e outros responsáveis benfiquistas, há mais 470 mil euros sob suspeita de terem circulado indevidamente dentro do clube.

Segundo a acusação, as empresas Benfica SAD e Benfica Estádio terão transferido 2,2 milhões de euros, com a correspondente emissão de faturas, para a empresa Questão Flexível, pelo pagamento de serviços de consultoria informática que nunca terão sido prestados.

Saco azul do Benfica. Cerca de 470 mil euros em numerário levantados com cartões angolanos vão continuar a ser investigados

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Para o magistrado responsável pelo caso, está “suficientemente indiciado” que o “plano foi da iniciativa” de Luís Filipe Vieira, ao qual terão depois aderido Domingos Soares de Oliveira, então administrador da SAD do Benfica, e Miguel Moreira, à data diretor financeiro do clube de futebol.

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Assim, o tribunal corrobora, na íntegra, a acusação do Ministério Público, que imputou aos arguidos Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira um total de três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 crimes de falsificação de documento. De acordo com o juiz de instrução, “os arguidos não forneceram informações credíveis na fase de inquérito” e tinham “plena consciência das faturas emitidas pela aparente prestação de serviços”, podendo ser “altamente provável a condenação dos arguidos”.

“Naturalmente que não me pareceu bem e evidentemente não era isto que estávamos à espera”

O advogado João Medeiros assumiu, em reação, que  a pronúncia a julgamento de Benfica SAD, Benfica Estádio, Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira  é uma decisão que não esperavam. “Naturalmente que não me pareceu bem e evidentemente não era isto que estávamos à espera. Foi uma decisão que é inegável dizer que não contávamos. Não tivemos essa capacidade de fazer transmitir ao senhor juiz de instrução criminal a muita prova que produzimos em instrução. O senhor juiz de instrução criminal resolveu fundamentar a pronúncia com base nos argumentos que, sem contraditório, já detinha no inquérito”, realçou o advogado dos arguidos, à saída do Tribunal de Instrução Criminal, em Lisboa.

“Resta-nos ir a julgamento e aí discutir prova a prova e suportar a inocência dos nossos clientes, como pugnamos”, sublinhou João Medeiros, que reforçou ainda a inexistência de um “saco azul” na acusação, assente somente em “referências” durante a instrução.  “Existem os serviços ativos da realização de prestações, que foram feitas, e também o serviço contratado de disponibilidade, que é como um seguro e esperamos nunca ter de o usar. Se acontecer um evento danoso, então aí acionamos o seguro. No entanto, a esperança quando contratamos qualquer seguro é nunca ter de o utilizar. Assim era um dos contratos celebrados”, explicou o advogado, em relação à base deste processo.