Foram divulgados os impostos provisórios à importação de veículos eléctricos vindos da China, uma vez que os valores definitivos deverão ser corrigidos uma vez conhecido o relatório à investigação que os responsáveis europeus realizaram na China aos subsídios ilegais concedidos aos construtores pelo Governo local e que, se suspeita, vão contra os tratados de comércio internacionais. A 4 de Julho, quando as conclusões da investigação da Europa às práticas comerciais chinesas forem tornadas públicas, estas taxas deverão ser corrigidas e agravadas. Isto se a situação real se revelar mais lesiva do que as suspeitas actuais, as quais já abriram margem para taxas variáveis consoante o fabricante e a respectiva colaboração no escrutínio das entidades europeias.
Segundo foi avançado pela CNBC, os responsáveis pela União Europeia (UE) estão inclinados para aplicar à BYD a taxa mais baixa, uma vez que este construtor chinês, em vez dos actuais 10%, passará a ver os seus veículos expostos a impostos à importação de 17,4%. Não foi ainda esclarecido se os modelos que irão ser fabricados na Europa, na fábrica que a BYD está a construir na Hungria e cuja inauguração está prevista para 2026, serão igualmente alvo destas taxas, uma vez que o construtor usufrui no país de origem das mencionadas ajudas consideradas ilegais.
É assim que a Polestar vai “fintar” medidas anti-eléctricos chineses
A Geely, grupo que, entre outras marcas, possui a Volvo e a Polestar (que também fabricam na China), irá suportar 20% de taxas à entrada na Europa, o que levou já estes dois construtores a tomar a decisão de deslocar para a Europa e para os EUA a produção dos seus modelos. Curiosamente, as marcas menos penalizadas com os novos impostos à importação não são propriedade do Estado chinês, com a Geely a ser detida a 100% por particulares e a BYD a ter como accionistas reputados investidores ocidentais como a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e empresas associadas à também norte-americana BlackRock, com interesses em Portugal.
Volvo passa produção dos EX30 e EX90 para a Europa para evitar taxas contra a China
O construtor chinês mais penalizado é a SAIC, cujos modelos vão ter de pagar 38,1% para entrar no espaço europeu, pois o grupo resolveu não colaborar com a investigação. Sucede que este fabricante, integralmente detido pelo Estado chinês, é um dos que possui joint-ventures com o Grupo Volkswagen (além dos norte-americanos da GM), produzindo alguns modelos da VW e Audi em território chinês. Mas serão sobretudo os modelos produzidos pela SAIC que estão à venda na Europa que vão perder competitividade, como é o caso da MG e da Maxus.
Numa posição intermédia em matéria de taxas adicionais estão as marcas que acederam a colaborar com a investigação, mas que não chegaram ainda a ser analisadas, todas elas a pagar 21% a partir de agora. Resta saber qual vai ser o tratamento de que vão ser alvo os restantes fabricantes chineses que pretendam exportar para a Europa, sobretudo os de maior dimensão, como é o caso dos grupos já referidos, mas ainda da GAC, Nio, Li Auto, Chery, Great Wall e Jag, sabendo-se que há cerca de 100 construtores a fabricar veículos eléctricos na China.
Entre as marcas ocidentais que produzem em solo chinês, mas exportam para o ocidente, como é o caso da Tesla, Dacia, BMW e Mini (além das já mencionadas Volvo e Polestar), sabe-se que a marca de Elon Musk requereu tarifas mais baixas para os Model 3 enviados a partir de Xangai, pedido que a Comissão irá analisar antes do anúncio das tarifas definitivas a 4 de Julho.