Três anos depois de um Euro 2020 que teve tanto de épico como de traumático, a Dinamarca voltava a um Campeonato da Europa com a memória da meia-final perdida para Inglaterra e a recordação do problema cardíaco de Christian Eriksen. Este domingo, em Estugarda, os dinamarqueses defrontavam a Eslovénia e procuravam entrar com o pé direito numa competição onde já sabem que é possível chegar longe.

Num Grupo C onde também estão Inglaterra e Sérvia, Dinamarca e Eslovénia jogavam primeiro e tinham a possibilidade de assumir a liderança provisória e dar um passo importante rumo ao apuramento para os oitavos de final. Morten Hjulmand e Alexander Bah eram ambos titulares nos dinamarqueses, enquanto que o ex-Sporting Sporar e o ex-Benfica Oblak surgiam no onze inicial dos eslovenos.

A Eslovénia até teve a primeira grande oportunidade do jogo, com Sesko a rematar de fora de área e a bola a rasar o poste (16′), mas a Dinamarca capitalizou a superioridade que vinha a demonstrar. Ainda antes dos 20 minutos, na sequência de um lançamento de linha lateral, Jonas Wind desviou na área e Eriksen, depois de segurar no peito, atirou cruzado para abrir o marcador (17′). O médio do Manchester United tornou-se o dinamarquês mais velho de sempre a marcar num Europeu, para além de ser agora o 5.º melhor marcador de sempre do país.

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A Dinamarca foi sempre superior até ao intervalo, com Eriksen a beneficiar de outra oportunidade que desperdiçou (44′), e a Eslovénia não conseguiu criar perigo: a bola até entrava em Sporar, que era lançado na profundidade, mas o antigo avançado do Sporting não tinha o critério bem afinado e não chegou a assustar Kasper Schmeichel.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o jogo foi decorrendo com poucas ocorrências. A Dinamarca dominava em traços gerais, com mais bola mas poucas aproximações à baliza contrária, e a Eslovénia via jogar. Os dinamarqueses tiveram uma boa oportunidade para aumentar a vantagem, com Oblak a defender um remate forte de Højlund (65′), mas os eslovenos começaram a apertar a partir daí e criaram ocasiões consecutivas.

Adam Čerin cabeceou ao lado (66′), Sporar rematou forte mas também falhou o alvo e Erik Janža, logo depois, já não falhou: canto na direita, desvio ao primeiro poste e o lateral, com um pontapé que ainda bateu num adversário, empatou o jogo (77′). Já nada mudou até ao fim e Eslovénia e Dinamarca empataram em Estugarda, permitindo que Inglaterra suba à liderança isolada do Grupo C em caso de vitória contra a Sérvia.

A pérola

De forma inevitável, Christian Eriksen. Três anos depois de cair inanimado do arranque do Euro 2020, devido a uma paragem cardiorrespiratória, o médio do Manchester United foi titular, marcou contra a Eslovénia e mostrou que os contos de fadas existem. Pelo meio, tornou-se o dinamarquês mais velho de sempre a marcar em Europeus e o quarto melhor marcador da história do país.

O joker

Erik Janža. O lateral capitalizou o melhor momento da Eslovénia no jogo e tornou-se o herói de um empate que deixa o país completamente dentro do sonho de seguir para os oitavos de final. Aos 30 anos e com uma carreira entre Eslovénia, República Checa, Chipre, Croácia e Polónia — é atualmente o capitão dos polacos do Górnik Zabrze — marcou o terceiro golo à 11.ª internacionalização.

A sentença

Com este resultado, Dinamarca e Eslovénia ficam igualados com um ponto no Grupo C e esperam agora pelo resultado de Inglaterra contra a Sérvia. Os ingleses podem assumir a liderança de forma isolada, enquanto que os dinamarqueses falharam o objetivo de se assumirem desde já como grandes candidatos a seguir com Inglaterra para os oitavos de final. Por outro lado, os eslovenos mantêm bem vivo o sonho da qualificação — que passava muito por não perder com a Dinamarca e a Sérvia.

A mentira

Morten Hjulmand e Alexander Bah não são importantes apenas no Sporting e no Benfica. O médio leonino (apesar do desvio que ajudou ao golo da Eslovénia) e o lateral encarnado foram titulares na Dinamarca e são peças fulcrais para Kasper Hjulmand, principalmente na transição da defesa para o ataque e no critério tático e técnico que oferecem à seleção. De forma cada vez mais evidente, serão dois dos titulares indiscutíveis para o selecionador dinamarquês.