Cerca de 30 estudantes concentraram-se esta quarta-feira no Largo da Porta Férrea, na Universidade de Coimbra (UC), para exigir à reitoria daquela instituição que defenda um cessar-fogo imediato em território palestiniano.

Os estudantes entoaram cânticos e envergando tarjas, para defender uma Palestina livre e independente e para denunciar a ofensiva israelita em Gaza, que já terá causado a morte a mais de 37 mil palestinianos, dos quais quase metade crianças.

“De Coimbra a Rafa, Palestina vencerá”, “Estudantes em união pela libertação”, “UC, atenção! Cessar-fogo é a posição”, “UC escuta, a tua história é de luta”, cantaram os estudantes, que assim que começaram o protesto viram a Porta Férrea ser encerrada por estudantes, algo que já aconteceu no passado, desde que dezenas de alunos decidiram montar uma acampada junto à Faculdade de Letras.

Os estudantes estão acampados há 30 dias, exigindo que a reitoria da Universidade de Coimbra assuma um posicionamento por um cessar-fogo imediato e permanente no território palestiniano, o hastear da bandeira da Palestina na torre da universidade e o fim de todos os programas ou acordos com empresas, instituições e universidades israelitas, assim como a recusa de qualquer financiamento em currículo académico pelo Estado de Israel.

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Estudantes de Coimbra acampados há quase um mês em luta pela Palestina

Durante a concentração, uma das estudantes, Mariana Costa, leu um manifesto, em que recordou que todas as universidades na Faixa de Gaza estão destruídas e que este ano, naquele território palestiniano, “não haverá finalistas”.

Criticando a posição da Universidade de Coimbra, que se refugia numa “neutralidade que não existe”, a estudante de psicologia forense de 25 anos reafirmou as exigências do movimento, que são também secundadas por mais de 150 docentes e investigadores, que entregaram na semana passada um abaixo-assinado junto da reitoria.

Na semana passada, a UC afirmou que acompanhará sempre o posicionamento da República Portuguesa face à ofensiva israelita em Gaza, escusando-se, na resposta à agência Lusa, fazer qualquer referência a um apelo a um cessar-fogo imediato e permanente.

A UC também não respondeu à pergunta da Lusa sobre o porquê de não hastear a bandeira da Palestina na torre da UC, quando, no passado, o mesmo monumento apresentou as cores da bandeira ucraniana, numa alusão à invasão russa.

Questionada sobre se estaria a ser ponderado o fim de programas com instituições israelitas que possam estar associadas com a ofensiva em Gaza, a UC referiu que “distingue os povos dos regimes ou de governos”.

A Universidade de Coimbra, “salvo em circunstâncias excecionais, tem a responsabilidade de manter e reforçar pontes de diálogo e de tolerância entre os povos, em especial quando o mundo político ergue muros”, afirmou a reitoria, que em 2023 cessou o contrato com um professor russo acusado de ligações com o Kremlin, sem ter associado ao processo qualquer documento comprovativo das alegações veiculadas.