O PCP anunciou esta quarta-feira o agendamento, para a próxima quinta-feira, de um debate parlamentar sobre a sua iniciativa que propõe medidas extraordinárias para que a AIMA resolva a situação de 400 mil imigrantes com processos pendentes.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, o deputado do PCP António Filipe salientou que o partido decidiu impor este debate ao abrigo de um direito potestativo devido à “gravidade da situação” de “centenas de milhares de cidadãos estrangeiros que entraram em Portugal nos termos da lei” e que não conseguem resolver os seus processos “por responsabilidade inteiramente imputável ao Estado português”.

O deputado comunista indicou que, no projeto de lei que vai a debate na próxima quinta-feira, o PCP propõe a adoção de um “procedimento extraordinário, e transitório, para que, num período de seis meses, se consiga mobilizar pessoas, espaços e meios logísticos para que, pelo menos a maior parte desses processos, seja resolvido”.

“Só assim é que será possível a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) funcionar em condições de normalidade”, defendeu.

António Filipe criticou o plano do Governo para as migrações, apresentado no início deste mês, considerando que, sobre a questão dos processos pendentes, só propõe “uma estrutura de missão”, fazendo com que “nem para as calendas gregas os 400 mil processos estarão resolvidos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Este projeto de lei do PCP que vai a debate na próxima quinta-feira foi apresentado há duas semanas e propõe a criação de um programa de contratação de até 10 mil funcionários para a AIMA por um período de seis meses tendo em vista a regularização dos processos de autorização de residência.

Os comunistas pretendem que este programa de emergência para a regularização de processos na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) decorra entre o dia 1 de outubro de 2024 e 31 de março de 2025 e permita a contratação de até 10 mil novos trabalhadores.

Estes funcionários contratados temporariamente, lê-se na proposta apresentada pelo PCP na Assembleia da República, devem ser titulares de uma licenciatura e teriam de, antes de entrarem em funções, ser aprovados num programa de formação específica da AIMA para garantir as habilitações adequadas para as tarefas exigidas.

O PCP admite também o recurso a trabalhadores da administração pública que se disponibilizem a colaborar com este programa de emergência, podendo pedir dispensa do cargo durante esse período de seis meses ou trabalhar em acumulação de funções com o cargo que desempenham.

“Neste momento são perto de 400 mil pendências e nós achamos que não basta o Governo dizer que vai fazer um esforço, que a AIMA vai fazer um esforço, porque a gravidade que esta situação atingiu exige que haja um esforço, mas um esforço dirigido e calendarizado, e isso não é feito pelo Governo”, criticou o deputado PCP em conferência de imprensa no parlamento.