Se existe modalidade onde o fator casa tem pesado, ela é o hóquei em patins. Aliás, basta puxar o filme um pouco atrás e olhar para os dez encontros das duas meias-finais, que terminaram com oito vitórias da equipa que atuava como visitada e apenas duas exceções no Benfica-Oliveirense, na Luz e em Oliveira de Azeméis, em encontros decididos nas grandes penalidades. Também por isso, os lisboetas sabiam que o mais difícil na final diante do FC Porto, que também só superou o campeão europeu Sporting nos penáltis da “negra”, era ganhar uma partida no Dragão Arena. No jogo 1, esteve perto de acontecer. Aliás, só não aconteceu porque, no tempo regulamentar, a equipa não soube materializar as fases de ascendente, caindo no prolongamento por 5-3 com Rafa a bisar nos três minutos finais. Agora, a pressão passava para o lado contrário.

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“Fizemos um jogo positivo no Dragão Arena mas pecámos na eficácia no controlo das transições ofensivas. Os jogadores têm de ser muito mais responsáveis na forma como abordam essas situações. Fizemos um trabalho excelente ao nível das perdas de bola e fomos anulando muitas transições mas no Dragão Arena não podemos ser permissivos nesse ponto, pois eles são extremamente eficazes. Temos de aproveitar o fator casa. Sentimo-nos mais confiantes e temos de aproveitar muito do trabalho bem feito, sem estar intranquilos. Temos de perceber o que nos dá o jogo, analisar os primeiros minutos e, se conseguirmos ser iguais a nós próprios em casa, estaremos mais próximos de ganhar”, dizia Nuno Resende, treinador do Benfica, à BTV.

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“O primeiro jogo foi difícil, estivemos quase sempre em desvantagem, custou-nos bastante a entrar, o Benfica fez um jogo moderado com uma defesa baixa e não estávamos à espera disso. Cada jogo tem a sua história, no fim a vitória sorriu-nos e estamos na frente da final. Sabemos perfeitamente que o fator casa é essencial, como ficou traduzido pelos resultados das meias-finais. O Benfica só tem uma derrota na Luz esta temporada e esperamos uma equipa mais pressionante, com um ataque mais volumoso. Mas temos as nossas armas e queremos ganhar este jogo 2”, salientara Telmo Pinto, internacional do FC Porto, aos meios do clube.

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Numa e noutra visão, sempre o “fator casa” como um dos pontos principais. Fazia sentido: em três clássicos na presente temporada, o Benfica ganhou por 4-1 na Luz na primeira volta da fase regular, o FC Porto venceu por 7-1 no Dragão Arena na segunda volta da fase regular e agora tinha havido novamente vantagem para os azuis e brancos jogando no Porto. Recuando às últimas épocas, os encarnados tinham sete dos oito jogos com os dragões na Luz, perdendo na 26.ª e última jornada da fase regular em 2022/23 quando todas as contas estavam já “fechadas”. Agora, a “regra” repetiu-se. E o tango de Carlos Nicolía, que após uma década nas águias vai deixar o clube, pode ser o último mas ainda chega para desequilibrar esta dança do clássico.

O FC Porto entrou melhor no jogo, aproveitando uma recuperação de bola de Gonçalo Alves sobre Nil Roca atrás da baliza muito contestada pelos encarnados que ficaram a pedir falta para inaugurar o marcador por Carlo Di Benedetto (4′). Nesse momento havia uma ligeira supremacia dos azuis e brancos na partida, ainda que sem grandes oportunidades que consubstanciassem a predominância, mas Nuno Resende não demorou a parar o encontro para reunir a equipa, mudar estratégias ofensivas e capitalizar com essas mudanças para a reviravolta em menos de cinco minutos, com Carlos Nicolía a fazer o empate aproveitando uma segunda bola após desvio de Gonçalo Pinto na área (11′) e a marcar o 2-1 numa grande penalidade (15′). Mais: se não fosse a grande exibição de Xavi Malián, a vantagem dos visitados poderia ser bem maior no descanso.

O segundo tempo começou com um jogo a manter as mesmas características, com o Benfica à procura de alargar a vantagem frente a um FC Porto que continuava a enfrentar dificuldades no plano ofensivo. Entre protestos de Nicolía num lance em que surgiu isolado, só mesmo aos 33′ voltou a haver um lance flagrante de golo com Xavi Malián, que tinha estado em plano de destaque até esse momento, a fazer um penálti sem necessidade sobre Zé Miranda para cartão azul e a estender a passadeira a Nicolía para bater Leonardo Pais para o hat-trick que fez o 3-1 (33′). Só aí reapareceu o FC Porto, com Telmo Pinto a aproveitar uma saída rápida 2×1 para rematar enrolado para o 3-2 que relançava a partida (38′), mas os erros defensivos que a equipa de Ricardo Ares foi cometendo revelaram-se fatais, com Gonçalo Pinto a marcar o 4-2 após desfazer um bloqueio a passe de Pol Manrubia (40′). O clássico parecia decidido e Zé Miranda sentenciou de vez o triunfo, com uma grande “picadinha” por cima de Xavi Malián que assinou o 5-2 (44′).