Os arguidos da Operação Influencer, que levou à demissão do antigo primeiro-ministro António Costa, estão desde janeiro sem conseguir aceder ao processo. A informação é avançada pelo jornal Expresso, que acrescenta que também não puderam consultar, até agora, as gravações em bruto das escutas telefónicas de que foram alvo nos últimos quatro anos (e divulgadas pela CNN esta semana).

A última vez que os advogados dos arguidos da Operação Influencer — Diogo Lacerda Machado, Vítor Escária, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves — conseguiram consultar o processo foi há cinco meses, quando tiveram permissão para aceder ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa. Aí, puderam consultar os volumes do processo e tirar notas, não tendo sido fornecidas cópias digitais.

Foi ainda barrado aos advogados o acesso aos elementos recolhidos nas buscas de novembro, assim como as gravações em bruto das escutas telefónicas, relata o semanário, ressalvando que o segredo de justiça do processo terminou em setembro de 2022. Apesar de exigirem total acesso ao material, tendo vários advogados apresentado queixas ao juiz de instrução, nada aconteceu.

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Após as queixas, a 23 de maio o juiz de instrução autorizou os representantes legais a aceder a todo o material recolhido nas buscas, mas o mesmo não aconteceu relativamente às gravações de chamadas telefónicas. Segundo o Expresso, vários advogados voltaram a pedir um novo acesso ao processo no último mês, mas foi-lhes negado, algo que poderá ser explicado pelo facto de estar fisicamente disponível no Tribunal Central de Instrução Criminal, tendo os arguidos que esperar que regresse ao DCIAP.

Apesar de os advogados não o conseguirem fazer, a CNN Portugal admitiu ter acedido “a todas as conversas e detalhes que constam dos 21 volumes e 16 apensos da Operação Influencer”, num total de centenas de chamadas intercetadas e cerca de “50 intervenientes”, entre os quais António Costa. Na quarta-feira o Ministério Público divulgou ter aberto uma investigação à fuga de informação, após ser tornada pública uma conversa entre o anterior primeiro-ministro e o antigo ministro das Infraestruturas, João Galamba, sobre a demissão da ex-gestora da TAP.