O Presidente brasileiro, Lula da Silva, exaltou nesta terça-feira a libertação do fundador do portal Wikileaks, Julian Assange, considerando-a uma “vitória democrática” que deixa o mundo “menos injusto”.
“O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso”, escreveu o chefe de Estado brasileiro na rede social X.
O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa.
— Lula (@LulaOficial) June 25, 2024
Para Lula da Silva, a libertação do fundador do portal Wikileaks e o seu regresso a casa, “ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”.
Lula da Silva foi um dos principais líderes mundiais que, em diversas ocasiões, demonstrou sempre o apoio a Julian Assange.
Durante a sua visita a Londres, em maio de 2023, onde assistiu à coroação do rei Carlos III, Lula da Silva classificou como “uma vergonha que um jornalista que revelou as armadilhas de um Estado contra outros seja condenado a morrer na prisão e que ninguém faça nada pela sua liberdade”.
Em agosto de 2023, o governo brasileiro recebeu no Palácio do Planalto, em Brasília, o pai do fundador do portal WikiLeaks, a quem garantiu o “total apoio” à liberdade do filho.
Julian Assange, de 52 anos, foi libertado pelas autoridades britânicas após 1.901 dias de encarceramento numa prisão de alta segurança, enquanto aguardava uma decisão sobre a sua extradição para os Estados Unidos, e já tinha passado sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação, num caso entretanto arquivado.
Julian Assange foi libertado da prisão britânica, pode voltar à Austrália
O fundador do portal digital Wikileaks saiu na segunda-feira da prisão de Belmarsh e foi transportado para o aeroporto de Stansted, onde embarcou num avião, na sequência de um acordo com a Justiça norte-americana, nos termos do qual aceitou declarar-se culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais relacionadas com a Defesa e a Segurança Nacional dos Estados Unidos.
Assange vai comparecer na quarta-feira num tribunal das Ilhas Marianas, território norte-americano no Pacífico, para finalizar um acordo de confissão de culpa alcançado com o Departamento de Justiça norte-americano, e será condenado a 62 meses de prisão, uma pena já cumprida em prisão preventiva em Londres, decisão que lhe permitirá regressar ao país natal, a Austrália.
Desde 2019 que os Estados Unidos queriam a extradição de Assange, acusado de 18 crimes de espionagem e de intrusão informática, pela divulgação no portal WikiLeaks de documentos secretos que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo Exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.
Tratou-se de uma das maiores fugas de informação confidencial da história dos Estados Unidos, que revelou segredos das atividades diplomáticas e militares norte-americanas durante as guerras do Iraque e do Afeganistão, bem como dados sobre os detidos na base de Guantánamo, entre outras matérias.
Washington queria julgar Assange por divulgar mais de 700 mil documentos confidenciais e era acusado ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, incorrendo numa pena de até 175 anos de prisão, mas a 20 de maio, o Tribunal Superior de Londres autorizou-o a recorrer da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos.
Com sede na Suécia, a WikiLeaks foi fundada em 2006 e destacou-se por divulgar documentos confidenciais obtidos de fontes anónimas.