Quantos mais, melhor, é uma máxima que serve como uma luva ao universo da série de filmes de animação Gru — O Maldisposto, dos estúdios Illumination. Sete anos depois do terceiro (e dois após o segundo dos Mínimos, Mínimos 2: A Ascensão de Gru), Gru — O Maldisposto 4, realizado por Chris Renaud e Patrick Delage, inclui mais uma criança adicionada à família de Gru (voz de Steve Carell) e da mulher, Lucy (voz de Kristen Wiig), o bebé Gru Júnior, que se vem assim juntar às três meninas adotadas. Mas ninguém me vai levar a mal se disser que a grande novidade e principal aquisição de Gru — O Maldisposto 4 são os Mega Mínimos, representantes do próximo passo evolutivo dos Mínimos tal como os conhecemos (se bem que um passo total e comicamente desastroso).
[Veja o trailer de “Gru — O Maldisposto 4”:]
Quando Gru, a sua família e o trio de fiéis Minimos formado por Stuart, Kevin e Bob têm que se esconder numa casa-refúgio da Liga Anti-Vilões, por estarem a ser perseguidos pelo malvado Maxime Le Mal (voz de Will Ferrell), vulgo Homem-Barata, o mutante e irascível vilão de piquete a esta quarta fita, os restantes Mínimos são despachados para a sede daquela organização. Onde surge a ideia de submeter cinco deles a uma experiência científica que os dotará de superpoderes, a saber: elasticidade, voo, visão laser, força e comer paredes, bombas, etc. Meu dito, meu feito, e os super-heróis da Marvel e da DC passam a contar com mais concorrência e são metidos num chinelo (ou quase…).
[Veja uma sequência do filme:]
Só que, sendo os Mínimos quem são, a coisa dá para o torto. Embora armados com as melhores das intenções, os Mega Mínimos só conseguem espalhar a mais desopilante balbúrdia à sua volta quando usam os seus super-poderes, quase destruindo a cidade com as suas catastróficas intervenções. E fazendo com que o já muito ocupado enredo de Gru — O Maldisposto 4 inclua também um gozo pegado às personagens, aos lugares-comuns e às sequências espectaculares e de combate das fitas de super-heróis, tendo a sua apoteose na captura do Homem-Barata, envolvendo exames de abelhas, gado à solta e enormes queijos suíços derretidos.
[Veja uma sequência do filme:]
Os pequenos, amarelos, trapalhões e palradores Mínimos (Pierre Coffin fornece, como sempre, as suas vozes) versão normal e versão Mega, continuam a ser o enorme abono de família cómico dos filmes da série (há que estar sempre atento à miríade de gags em segundo plano, como o do Mínimo que fica preso na máquina de venda automática do princípio ao fim), os realizadores Chris Renaud e Patrick Delage mantém-se fiéis a um tipo de animação digital estilizada e exuberante, que sem ter o requinte estético da da Pixar, serve eficazmente as personagens (outra das novidades é Poppy, a maquiavélica filha adolescente dos novos vizinhos de Gru e Lucy, que quer ser uma super-vilã precoce) e a dinâmica e a inventividade da história de Gru — O Maldisposto 4, que apesar de muito atarefada, flui depressa e sem atrapalhações.
Quatro filmes de Gru e dois dos Mínimos depois, a série consegue manter a fasquia alta em termos de qualidade formal, de comicidade descabelada e destravada e de entretenimento de amplo alcance. E convém, mais uma vez, não sair logo do cinema quando a fita acaba, porque a ficha técnica está cheia de partes gagas dos Mínimos e dos Mega Mínimos.