A presidente da associação de defesa dos direitos das pessoas Lésbicas, Gay, Bissexuais, Trans e Intersexo ILGA Portugal defendeu esta sexta-feira que a principal causa da comunidade é lutar para que os direitos conquistados não sejam revertidos.

No dia em que se assinala internacionalmente o orgulho LGBTI, Daniela Bento entende que no atual contexto sociopolítico “faz todo sentido continuar a haver um dia do orgulho”.

“Faz todo o sentido por imensos fatores, seja do contexto político, nada favorável, seja pelo facto de as identidades e dissidências sexuais, orientações sexuais não normativas, continuam sem a real dignidade que deviam ter e continuam a ser enviadas para as margens”, apontou.

Daniela Bento apontou que o sentido de continuar a existir um dia que celebra o orgulho LGBTI serve de justaposição a uma vergonha pela qual a maior parte das pessoas passa “durante a vida toda por serem LGBTI”.

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“Muitas vezes as pessoas reconhecem-se no insulto muito antes de saberem quem são, ou seja, por exemplo, é muito comum uma pessoa descobrir que é homossexual, mas já ter lidar com insulto muito antes disso e saber que isso é um insulto”, salientou a presidente da ILGA Portugal.

A responsável entende, por isso, que o dia que se assinala esta sexta-feira “continuará a ser importante” celebrar.

“Continuamos a ter que lutar pelos nossos direitos e pelas nossas reivindicações naquilo que é necessário fazer para que consigamos viver em liberdade”, salientou.

Na opinião da presidente da ILGA, “uma das principais causas” no momento “é tentar que nada seja revertido” e garantir que tudo o que foi conquistado até agora não volta para trás, assumindo que esse “é um dos grandes receios da comunidade” LGBTI.

“Por outro lado, também temos que continuar a lutar pelos direitos dignos de saúde para pessoas trans. Temos que continuar a lutar por uma lei anti-discriminação, (…) temos que continuar a lutar pela essência das identidades não binárias ou pelo acesso à PMA [procriação medicamente assistida] para todas as pessoas ou pelo acesso à gestação de substituição por homens ou pessoas solteiras”, enumerou.

“Há uma série de coisas por que ainda é necessário lutar, mas agora neste momento o mais premente é não deixar que nada volte para trás”, disse Daniela Bento, adiantando que a ILGA Portugal irá procurar reunir-se com o Governo e os vários grupos parlamentares e avaliar a melhor maneira de colocar as questões das pessoas LGBTI na agenda política.

Daniela Bento referiu ainda que a ILGA Portugal tem vindo a receber “muito mais queixas” de pessoas que procuram a associação para denunciar “formas de violência que antes não sentiam tanto”, acrescentando que “esta violência tornou-se uma coisa mais normalizada”.