A justiça da Bolívia decidiu colocar em prisão preventiva durante seis meses o ex-comandante do exército Juan José Zuñiga e outros dois antigos líderes militares, acusados de uma tentativa de golpe de Estado.

Além de Zuñiga, também o ex-comandante da Marinha Juan Arnez e o ex-chefe da divisão mecanizada Viacha, Edison Irahola, foram acusados na sexta-feira de terrorismo e levantamento armado contra o governo do Presidente Luis Arce, anunciou o procurador Cesar Siles.

A medida “vai, sem dúvida, ser um precedente e um bom sinal para que esta investigação possa continuar a avançar“, disse o procurador à televisão pública peruana TV Perú.

Cesar Siles disse que o Ministério Público provou “a probabilidade de autoria” dos crimes de terrorismo e de levantamento armado, assim como estabeleceu o risco de fuga dos três ex-militares.

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Tentativa de golpe de Estado na Bolívia falhou. Líder militar detido acusa Presidente de instigar operação

Após uma audiência judicial, realizada de forma virtual e que durou quatro horas, os três detidos deverão ser transferidos para a prisão de segurança máxima de Chonchocoro, na região da capital, La Paz.

O ministro do Interior boliviano, Eduardo del Castillo, disse na sexta-feira que as autoridades capturaram mais quatro soldados, elevando para 21 o número de militares detidos pela alegada tentativa de golpe de Estado.

A nação de 12 milhões de habitantes assistiu na quarta-feira a uma aparente sublevação de um grupo de militares liderado por Zuñiga, que tomaram o controlo da praça principal da capital com veículos blindados, tentaram arrombar com um tanque um dos portões do palácio presidencial e lançaram gás lacrimogéneo sobre manifestantes.

Ao ser detido, Zuñiga acusou o Presidente Luis Arce de ter ordenado a operação militar.

“No domingo, na escola La Salle, encontrei-me com o Presidente [Luis Arce] e o Presidente disse-me que a situação está muito complicada, que esta semana seria crítica e que ‘algo é necessário para aumentar a minha popularidade'”, disse Zuñiga ao ser detido.

O comandante disse que perguntou ao Presidente da Bolívia se deveria “tirar os veículos blindados” dos quartéis e que Arce respondeu: “Tire-os”.

Alegações rejeitadas pelo Presidente da Bolívia na quinta-feira.

“Não sou um político que vai ganhar popularidade através do sangue do povo”, disse Arce, na primeira aparição perante a imprensa desde o aparente golpe falhado.

O governante acrescentou que 14 pessoas foram feridas pelos golpistas e que algumas tiveram de ser operadas. “Vimos as pessoas a mobilizarem-se sem armas e foram baleadas“, disse Arce.

O Presidente disse acreditar que a tentativa de golpe de Estado se deveu a ter demitido Zúñiga, na terça-feira, por ter “violado a constituição política do Estado” com declarações numa entrevista que não estava autorizado a conceder.

Nessa entrevista, Zuñiga ameaçou deter o ex-Presidente da Bolívia Evo Morales (2006-2019) caso tentasse voltar a candidatar-se à presidência.