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“O furacão veio e partiu, e deixou para trás um rasto imenso de destruição.” As palavras são do primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas no dia em que o Beryl, um poderoso furacão de categoria 5, se começou a afastar da região. Na sua passagem por várias ilhas da região já provocou seis mortos, segundo noticiou a imprensa internacional. Segue agora caminho para a Jamaica, onde esta terça-feira parte da população se abastecia de mantimentos para a lidar com a já esperada onda de devastação.

“É melhor ter e não precisar, do que precisar e não ter”, resumia um residente da capital jamaicana ao New York Times, perante as ruas agitadas e supermercados lotados que estão a anteceder a chegada do furacão. Segundo o centro de furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla inglesa), deverá atingir a região já na quarta-feira.

O Beryl, que começou como uma tempestade tropical, transformou-se no primeiro furacão da temporada do Atlântico de 2024. Nenhuma outra tempestade atlântica alguma vez tinha crescido para a categoria 5 tão cedo na época, destacou em declarações ao New York Times o meterologista Philip Klotzbach. É que o Beryl saltou de uma tempestade de categoria 1 para uma tempestade de categoria 4 em menos de 10 horas, segundo disse Andra Garner, meteorologista da Universidade Rowan, à Reuters. Isso marca a intensificação mais rápida alguma vez registada antes de setembro, o pico da temporada de furacões no Atlântico, explicou.

O furacão atingiu pela primeira vez a categoria 5, em que os ventos podem atingir velocidades de 253km/h, no final da tarde de segunda-feira. Esta terça-feira chegou a enfraquecer e baixar de categoria, mas já retornou ao nível 5.

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O fenómeno está a ser monitorizado por vários organismos, incluindo a NASA, que partilhou imagens do furacão captadas a partir da Estação Espacial Internacional na manhã de segunda-feira. Já a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos da América (NOAA) divulgou esta terça-feira um timelapse que dá conta da rápida evolução Beryl ao longo dos últimos quatro dias.

Na sua passagem por São Vicente e Granadinas esta terça-feira, o furacão destruiu uma série de infraestruturas, incluindo habitações, escolas e hospitais. Numa das ilhas do arquipélago, 90% das casas ficaram “severamente danificadas ou destruídas”, revelou o primeiro-ministro Ralph Gonsalves, citado pela agência Reuters.

Granada também foi duramente atingida. O primeiro-ministro, Dickon Mitchell, revelou que Carriacou e Petite Martinique, duas das ilhas que compõem o país, foram as mais afetadas. “A situação é sombria. Não há eletricidade. A maior parte das casas e edifícios foram destruídos”, disse estar terça-feira numa conferência de imprensa.

Numa atualização na rede social X (antigo Twitter), o NHC alertou para a eminente chegada do Beryl à Jamaica. Apontou também que o próximo alvo serão as Ilhas Caimão, que deverão ser afetadas a partir de quarta-feira à noite.

Em antecipação, na Jamaica o primeiro-ministro Andrew Holness ordenou o fecho de todos os serviços governamentais na quarta-feira, expeto os serviços essenciais. Também os principais aeroportos do país deverão fechar ainda esta noite, segundo anunciaram os operadores responsáveis.

Numa conferência de imprensa esta semana, Holness também apelou à retirada dos cidadãos das áreas mais baixas, especialmente ao longo da costa sul, por onde Beryl deverá passar. “Compreendo perfeitamente que as pessoas não querem deixar as suas propriedades, mas o mais importante são as suas vidas”, sublinhou.

A chegada anormalmente precoce e a rápida intensificação da tempestade para furacão deve-se, em parte, às temperaturas mais altas dos oceanos, têm indicado vários cientistas à imprensa, acrescentando que as alterações climáticas são parte do problema.