As buscas para encontrar os três desaparecidos da traineira que adornou na quarta-feira ao largo da Marinha Grande e causou três vítimas mortais, prosseguem esta sexta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, segundo o capitão do porto da Nazaré.

O comandante da Capitania da Nazaré, João Severino Lourenço, revelou ao Jornal de Notícias que serão desencadeadas “operações de flutuabilidade”, para tentar aceder à casa das máquinas, que estava bloqueada por redes, e a outro espaço mais pequeno aos quais os mergulhadores não conseguiram chegar durante as buscas de quinta-feira.“Se as pessoas não estiverem lá dentro, a probabilidade de estarem vivos é cada vez menor”, admitiu ao mesmo jornal. Os mergulhos técnicos serão acompanhados pela Polícia Marítima, desconhecendo-se a que horas terão início.

É no espaço de máquinas que os mergulhadores “encontram redes e, portanto, são redes de grande dimensão, de bitola de grande dimensão, e que não é possível remover”, esclareceu o comandante naval Nuno Chaves, enquanto falava aos jornalistas, na quarta-feira, acompanhado do ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e do chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, almirante Gouveia e Melo.

Adiantou que até àquele momento já tinham sido feitos quatro mergulhos, e já se tinha percorrido cerca de 80% do espaço do barco, admitindo que a probabilidade dos desaparecidos, naturais da Figueira da Foz, lá se encontrarem era cada vez menor.  “Já percorremos cerca de 500 milhas [náuticas] em buscas dos corpos, cerca de 30 horas de um patrulha mais 15 horas de uma lancha”, acrescentou.

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À SIC Elísio Silva, primo de Eugénio Pata, de 62 anos, um dos desaparecidos que seguiam na Virgem Dolorosa, falou numa “Terra de pescadores e muita fé” que ainda aguarda por respostas, embora a esperança se vá desvanecendo: “Mesmo que o barco tivesse bolsa de ar, já não há nada a fazer“, disse.

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Em declarações à agência Lusa, João Severino Lourenço adiantou que as buscas prosseguem também com um navio patrulha oceânico e com viaturas Amarok do projeto Seawak e Polícia Marítima.

Durante do dia de hoje serão também efetuadas operações de mergulho técnico por uma empresa privada a pedido do armador, com o objetivo de definir um plano para a reflutuação e posterior remoção da embarcação

As buscas pelos três pescadores decorreram durante a noite através do NRP Setúbal, da Marinha Portuguesa, e dos elementos do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré, em patrulha de rotina.

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Nas operações de busca, coordenadas pelo Capitão do Porto e Comandante-local da Polícia Marítima da Nazaré, estiveram empenhados na quinta-feira, por mar, o NRP Setúbal e o NRP Cassiopeia da Marinha Portuguesa, o Grupo de Mergulho Forense da Polícia Marítima e o Destacamento de Mergulhadores Sapadores n.º 2 da Marinha Portuguesa e as embarcações das Estações Salva-vidas da Nazaré, Figueira da Foz e Peniche.

Por terra, estiveram elementos do Projeto “SeaWatch”, da Autoridade Marítima Nacional, apoiados por duas viaturas, elementos do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré e uma equipa de vigilância aérea do Comando-local da Polícia Marítima da Nazaré, apoiada por dois drones. Estiveram igualmente empenhadas duas aeronaves da Força Aérea Portuguesa.

De acordo com a AMN, o Gabinete de Psicologia da Polícia Marítima continua a prestar apoio aos familiares das vítimas. O alerta para o adornamento da embarcação de pesca “Virgem Dolorosa” foi dado às 4h33 de quarta-feira para o comando local da Polícia Marítima da Nazaré.

Três tripulantes morreram, 11 foram resgatados e há três desaparecidos, naturais da Praia da Leirosa, na Figueira da Foz.