A Nestlé foi indiciada no caso das pizzas contaminadas que causaram a morte de duas crianças e adoeceram outras dezenas, anunciou a empresa através de um comunicado de imprensa.

Em maio de 2022, uma investigação por suspeita de crimes de homicídio e lesões involuntárias, colocação no mercado de produto perigoso para a saúde e perigo para terceiros, foi iniciada pelas autoridades francesas após um surto de problemas renais ligados a contaminação pela bactéria Escherichia Coli ou E.Coli.

Este processo culminou na indiciação da subsidiária que utilizava a fábrica em Caudry para produzir as pizzas, e da Nestlé França “respetivamente nos dias 2 e 4 de julho” desse ano, revela o comunicado.

Em causa estão os produtos da linha “Fraîch’Up” da Buitoni, uma marca do grupo Nestlé, que acabaram por provocar uma intoxicação alimentar grave a, pelo menos, 75 pessoas.

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Dezenas de pessoas foram hospitalizadas com graves problemas renais, sendo que duas crianças não resistiram e acabaram por morrer. Após suspeitas de mau funcionamento da fábrica situada em Caudry, no norte de França, a Nestlé foi obrigada a encerrar a unidade que posteriormente viria a ser vendida para os italianos da Italpizza.

No dia 31 de março de 2023, a empresa assinou um acordo com 63 das vítimas, mesmo antes de qualquer julgamento ou acusação, oferecendo valores entre dezenas e centenas de milhares de euros, variando de acordo com a gravidade da situação.

“Os meus clientes e eu elaboramos um processo de indemnização amigável e inovador com a (…) Nestlé France e os seus advogados, com o objetivo de os indemnizar pelos danos que sofreram em consequência da intoxicação”, disse o advogado das vítimas ao Le Parisien na ocasião.

Também contactada pelo jornal francês, a presidente da Nestlé France, Muriel Lienau, confirmou a assinatura do acordo e expressou o “mais profundo pesar” pelos factos ocorridos.

Em nota publicada cerca de um mês depois, no dia 2 de maio de 2023, a empresa voltou a declarar o seu pesar pelos acontecimentos e sublinhou que estava a ser “totalmente transparente e colaborante com as autoridades no âmbito das investigações em curso” e que “têm trabalhado arduamente” para descobrir a origem da contaminação. Até agora as suspeitas têm recaído sobre a farinha, que terá sido mal amazenada, mas ainda não há certezas.

Texto editado por Dulce Neto