As tecnologias e digitalização são as áreas mais populares entre os alunos do ensino profissional, escolhidas por um em cada três estudantes, segundo um relatório que aponta aquela via de ensino como potencial parceiro da transição digital.

A hipótese é levantada na edição de 2024 do relatório “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal”, divulgada nesta quarta-feira pela Fundação José Neves, que traça o retrato do país olhando para o estado da educação, emprego e competências.

Na última década, o número de alunos no ensino profissional diminuiu ligeiramente — representam hoje cerca de 33% dos estudantes do secundário –, mas são cada vez mais aqueles que acabam o curso e cada vez mais aqueles que prosseguem os estudos.

No ano letivo 2021/2022, 84% dos finalistas concluíram o curso (em 2014/2015 foram 70%) e no ano anterior, a que se referem os dados mais recentes, 24% seguiram para o ensino superior (em 2014/2015 foram 15%).

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As Ciências Informáticas e a Eletrónica e Automação são aquelas que levam mais estudantes a prosseguir os estudos, mas as tecnologias e digitalização são também as mais populares no ensino secundário.

Segundo os dados divulgados no relatório, 14,4% dos diplomados em 2021/2022 eram de cursos relacionados com Ciências Informáticas, a área mais popular seguida de Audiovisuais e Produção de Media (9,5%) e Eletrónica e Automação (5,3%).

Quando passam para o ensino superior, as opções dividem-se, praticamente por igual, entre tirar uma licenciatura ou ingressar num Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP), que não confere grau académico.

Nestes cursos, criados em 2014, os alunos provenientes do ensino superior estão em maioria (76% em 2021/2022), mas a procura aumentou entre todos de forma exponencial, de 395 alunos no primeiro ano para 21.263 inscritos em 2022/2023.

Também aí há uma preferência pelas tecnologias, sendo que cerca de um terço dos inscritos estão concentrados em áreas como Design e Administração de Bases de Dados e de Redes Informáticas, Desenvolvimento e Análise de “Software” e Aplicações Informáticas, Técnicas Audiovisuais e Produção dos Media, e Eletrónica e Automação.

Perante o cenário, os autores do relatório veem no ensino profissional um potencial parceiro na transição digital de Portugal, mas alertam para a “necessidade urgente” de valorizar socialmente esta via de ensino e de reforçar iniciativas que contribuam para a melhoria do desempenho dos alunos.

As fragilidades do ensino superior são reveladas nos resultados do estudo internacional PISA 2022, refere o relatório.

Além das quebras mais acentuadas no desempenho em todos os domínios, em comparação com os colegas dos cursos científico-humanísticos, o PISA 2022 confirmou igualmente que o desempenho dos alunos é tanto melhor quanto mais elevado é o estatuto socioeconómico.

“Quase metade dos alunos do profissional são oriundos de contextos de baixo estatuto socioeconómico, o que sugere ainda algum preconceito face a este tipo de ensino”, refere o relatório.