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Os esforços de Viktor Orbán para se apresentar como um pacificador de alto nível na sua autoproclamada “Missão de Paz” — ao encontrar-se com líderes mundiais, incluindo Putin — são “errados” e “não são do interesse da Europa”, afirmou esta quarta-feira o primeiro-ministro da República Checa, Petr Fiala, em entrevista ao The Guardian.

Fiala defendeu que os esforços de Orbán estão a ajudar apenas o Kremlin na invasão em grande escala da Ucrânia. “O que Viktor Orbán faz não é do interesse da Europa, não é do interesse do meu país, não é do interesse do povo ucraniano (…) Infelizmente, ajuda Vladimir Putin nesta situação. E isso é errado”, frisou.

Num recuo na história, e sublinhando a importância de aprender com ela, o chefe de governo checo disse que a viagem do primeiro-ministro húngaro a Moscovo faz lembrar o apaziguamento de Hitler antes da Segunda Guerra Mundial.

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“Muitas pessoas acreditavam que se déssemos algum território a Hitler ou se discutíssemos com Hitler, isso evitaria a guerra — o oposto estava certo”, explicou, numa referência ao Pacto de Munique de 1938, que permitiu a anexação alemã dos Sudetas, na então Checoslováquia ocidental.

A paz só é possível se o agressor, o regime agressor, compreender que somos tão fortes que não é benéfico para si usar forças militares. Portanto, é muito, muito claro: o passado é o professor de todos nós”, frisou.

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Fiala, que faz parte do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, também alertou para os esforços da Rússia para tentar enfraquecer as sociedades europeias. “É uma guerra híbrida clássica”, defendeu, dando como exemplo as campanhas de desinformação e os ataques a infraestruturas. Assim, insiste que o regime russo quer deixar os europeus “insatisfeitos com os governos, com a política” — no fundo, ” com a democracia”.

Quando questionado sobre as eleições de novembro nos Estados Unidos da América e a recente nomeação de JD Vance como vice-presidente republicano, ele que já se mostrou — por diversas vezes — contra o apoio à Ucrânia, o primeiro-ministro checo disse acreditar que os norte-americanos vão estar ao lado de Kiev, independentemente de quem for eleito.

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Defendeu, contudo, que a Europa não pode esperar estar sempre sob a alçada dos EUA no que toca a Defesa. “A cooperação transatlântica é importante para o mundo ocidental, para as democracias ocidentais — tem de o ser. Mas temos de ser mais responsáveis, temos de nos preocupar mais com a nossa defesa, temos de aumentar as nossas despesas com a defesa”, rematou.