O rendimento bruto médio declarado por família aumentou 19% entre 2015 e 2020, para 19.866 euros, com a região de Lisboa a registar o valor mais elevado, mas a observar a menor subida (14%), segundo um estudo esta quarta-feira divulgado.

Estes dados constam do estudo “Dinâmicas de transformação das atividades económicas 2011-2021” elaborado para a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) pelo Centro de Estudos Geográficos/Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (CEG-IGOT) da Universidade de Lisboa.

De acordo com o estudo, os dados relativos às desigualdades espaciais dos rendimentos e poder de compra mostram que Portugal passou de um rendimento bruto médio declarado por agregado fiscal de 16.686 euros em 2015 para 19.866 em 2020.

No mesmo intervalo, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) registou sempre o valor mais elevado (com 20.425 e 23.321 euros naqueles anos), mas a subida foi menos acentuada do que nas restantes regiões.

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Inversamente, o Algarve manteve as médias mais baixas em 2015 e 2020 (com 14.469 e 17.218 euros, respetivamente), mas registou um crescimento de 19%, naquele período.

A explicar a subida do rendimento médio bruto estiveram fatores como subida do salário mínimo e médio e o aumento das pensões e das prestações sociais.

Avançando para o detalhe a nível municipal, o estudo refere que “se em 2011 era evidente a diferenciação de rendimentos entre a faixa litoral norte até Lisboa e alguns municípios dispersos, com maiores rendimentos médios, e a restante grande parte do país, em 2020, essa discrepância esbateu-se suportado nos acréscimos consideráveis principalmente em municípios economicamente mais vulneráveis”.

Cinfães, Santa Marta de Penaguião e Odemira apresentam os valores médios mais baixos (inferiores a 12.499 euros por agregado), enquanto Oeiras, Lisboa, Cascais e Alcochete, todos na AML, surgem no extremo oposto, sendo mesmo os únicos quatro municípios com valores médios por agregado acima dos 25.000 euros.

Apesar da evolução ao nível do rendimento e da educação (com uma subida do número de pessoas com o ensino secundário ou superior concluído), o estudo refere que “outros desafios se colocam”, sendo um deles relacionado com a subida dos custos de habitação (para compra ou arrendamento).

O objetivo do estudo, coordenado por Eduarda Marques da Costa, é “compreender as principais dinâmicas de transformação das atividades económicas no setor dos serviços em Portugal, na década referida, olhando também para 2019, ano que antecedeu a forte travagem da atividade económica imposta pela pandemia de Covid-19.

O estudo aborda também as dinâmicas de transformação do setor dos serviços ao longo daquela década, tendo em conta o número de estabelecimentos e empresas e de pessoas ao serviço no comércio, serviços de apoio à produção, transportes e armazenagem, alojamento e restauração e serviços pessoais.

Neste contexto, assinala o documento, entre 2011 e 2021, “observou-se um crescimento generalizado, tanto de pessoas ao serviço como de empresas e estabelecimentos, nos vários grandes grupos de atividades, com especial incidência no aumento de empresas e estabelecimentos de Transportes e Armazenagem (com aumento de 50%) e nos Serviços de Apoio à Produção (com crescimentos a rondar os 40% tanto de pessoas como de empresas e estabelecimentos)”.

Já o setor do alojamento e restauração sofreu o embate da pandemia, que veio contrariar a tendência positiva que se observava desde 2011, e que impôs uma “quebra do número de pessoas ao serviço e, em menor escala, nas empresas e estabelecimentos”.

O estudo, esta quarta-feira apresentado em Lisboa, foi elaborado com base na informação constante da Plataforma do Observatório “Serviços, Competitividade Urbana e Coesão Territorial”, criado pela CCP.