A iniciativa da Câmara de Leiria e da produtora Omnichord cruza a herança histórica do monumento com propostas artísticas contemporâneas, num diálogo “que respeita um passado, um presente e um futuro”, sublinhou à agência Lusa o programador de Ágora, Guilherme Garrido.

“Temos sempre esta premissa de que quem tem pedras para construir uma muralha tem também pedras para construir uma ponte. São propostas várias e diversas manifestações artísticas que permitem um usufruto do tempo e do espaço e que queremos que alavanquem noções de liberdade, quer a nível de texto, de subtexto e da visitação do próprio Castelo de Leiria”, explicou o organizador.

A terceira edição de Ágora arranca a 03 e 04 de agosto, com a inauguração, nas antigas cisternas do Castelo, da instalação “Interfluxos”, que explora a relação dinâmica entre o movimento humano e a resposta digital. Trata-se de uma intervenção de João da Fonseca, “um artista de Leiria que esteve muitos anos a trabalhar e a morar na Alemanha. Voltou recentemente e fará o seu primeiro trabalho artístico em Portugal no Ágora”.

No primeiro dia atuam a harpista espanhola Angélica Salvi, Marta Pereira da Costa com guitarra portuguesa e La Familia Gitana, “uma família alargada de ciganos, de Cascais”, que mostram em Leiria “um projeto que leva a cultura e a tradição mais longe, desconstruindo preconceitos e ligando pessoas”.

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No segundo dia, 04 de agosto, acontece a oficina “Novos habitantes do Castelo”, o teatro infanto-juvenil Antiprincesas — Carolina Beatriz Ângelo — “a primeira mulher a votar em Portugal” — e revela-se o resultado da residência artística que junta o clarinetista Paulo Bernardino e o vibrafonista Eduardo Cardinho, um exercício intitulado “Journeys with melodies”.

A programação estende-se pelos fins de semana de 07 e 08 de setembro e 05 e 06 de outubro, com outras propostas como a fusão jazz de intervenção do britânico Alabaster DePlume, o novo flamenco de Niño de Elche & Raül Refree, a eletrónica da catalã Marina Herlop, o saxofone do alemão Julius Gabriel ou a residência artística que reúne Surma e Inês Condeço.

“São propostas para ocupar este lugar, para que se consiga viajar nos cantos e nos recantos deste património que é o Castelo: o ponto mais alto de Leiria e que permite tempos físico, mental e emocional de contemplação. É com muito respeito e com carinho que ocupamos este lugar. O Castelo continua a ser o maior programa cultural do Ágora”, concluiu Guilherme Garrido.

O bilhete de entrada no Castelo de Leiria garante acesso às atividades de Ágora, com lotação limitada à capacidade dos espaços.