O secretário-geral do PCP defendeu esta terça-feira que o Estado deve adquirir capital da Inapa, para manter a capacidade produtiva da empresa e seus 200 postos de trabalho, enquanto a coordenadora do BE também pediu que se protejam esses empregos.

Em declarações aos jornalistas após ter marcado presença, à frente do Hospital Santa Maria, em Lisboa, na concentração promovida pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), no âmbito da greve nacional de médicos, Paulo Raimundo considerou que o “Governo tem de responder de forma rápida” ao que está a acontecer na Inapa.

Nós temos uma empresa onde o Governo tem uma participação — o Governo não pode alegar que não sabia da situação da empresa — e, portanto, tem todas as condições para poder intervir. Nós estamos a falar de 200 postos de trabalho: é isto que é preciso valorizar, salvaguardar as condições, os direitos de quem lá trabalha e a capacidade de a empresa continuar a produzir”, afirmou.

Paulo Raimundo defendeu que “não vale a pena” o Governo alegar que tem “falta de dinheiro”, referindo que são 12 milhões de euros e pedindo que se compare com o dinheiro que o Estado está a investir para “pagar o ‘lay-off’ na Autoeuropa, que está em curso neste momento” e que considerou “completamente injustificado”.

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Interrogado se o Estado deve adquirir capital da Inapa, o secretário-geral do PCP respondeu: “Claro, é uma evidência”.

Nós estamos perante uma empresa que é uma empresa que produz, ainda por cima papel, que não é um negócio que esteja muito mau, pelo contrário. Portanto, o Estado tem de intervir, salvaguardando os 200 postos de trabalho e a capacidade produtiva da empresa”, salientou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, que também marcou presença nesta concentração da FNAM, manifestou “muita preocupação” com o que está a acontecer na Inapa.

Questionada se também considera que o Estado deve adquirir capital da empresa, Mariana Mortágua respondeu que “é preciso avaliar a situação e ver se essa é uma decisão que tem futuro ou não“, mas salientou que “à partida deve haver sempre uma preocupação para tentar proteger postos de trabalho e viabilidade em indústrias que são importantes para o país”.

A coordenadora do BE considerou que “o mais grave de tudo” nesta situação é que “estas decisões são sempre tomadas de forma aleatória, sem uma estratégia para o que o Governo e Portugal quer da sua economia”.

“Olhamos para este Governo e o que encontramos é uma vontade de dar privilégios fiscais e benefícios fiscais a grandes empresas e promover o turismo. Não temos nada sobre reindustrialização, planeamento ecológico, transição ecológico”, criticou.

Mariana Mortágua considerou que é necessária “uma estratégia para o país, para as empresas do país, para os setores mais produtivos” e reiterou a “preocupação enorme” com os postos de trabalho da Inapa, considerando que “é sempre a grande preocupação que o Estado deve ter quando intervém sobre empresas que são importantes para a economia”.

No domingo à noite, em comunicado ao mercado, a Inapa anunciou que vai declarar insolvência “nos próximos dias”.

A empresa disse que não encontrou fundos para uma “carência de tesouraria de curto prazo” de 12 milhões de euros na sua subsidiária alemã Inapa Deutschland e que, face a isso, o Conselho de Administração concluiu “pela consequente e iminente insolvência da Inapa IPG”, ao abrigo da lei portuguesa.

O Ministério das Finanças, por sua vez, disse esta segunda-feira que a Parpública não vai dar à Inapa os financiamentos pedidos e que irá acompanhar a insolvência da empresa. A Parpública detém 44,89% das ações da Inapa.