O Brasil introduziu esta terça-feira pela primeira vez na agenda de discussões do G20 a luta contra o racismo, durante uma reunião de ministros do grupo das 20 maiores economias do mundo.

A necessidade de estabelecer metas e políticas de redução da desigualdade racial e de combate ao racismo no G20 foi abordada no último dia da reunião dos ministros do Desenvolvimento do G20 e que antecede a apresentação da Aliança Global contra a Fome e Pobreza.

O Brasil, como presidente anual do G20 e um dos países com maior população afrodescendente do mundo, aproveitou o encontro para colocar o tema pela primeira vez em discussão no fórum que reúne as 20 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana.

O Nosso país amadureceu para compreender que não é possível promover um desenvolvimento sem que haja promoção da igualdade racial e enfrentamento às distorções provocadas pelo racismo”, afirmou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante a reunião que decorreu esta terça-feira.

“Uma sociedade desenvolvida de verdade é uma sociedade onde ninguém mais esteja passando fome, onde a cor da pele não seja determinante para saber se você vai ter três refeições ou não, se voltará para casa, se terá moradia digna ou acesso à educação e segurança ambiental e climática”, acrescentou.

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Na mesma ocasião, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lembrou que foi o Brasil que, em reunião da ONU no ano passado, estabeleceu voluntariamente a igualdade racial como um dos objetivos de desenvolvimento social a serem alcançados até 2030, definindo-a como o décimo oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU a ser alcançado até 2030.

Portugal — que foi convidado, assim como Angola, pela presidência brasileira para membro observador do G20 —, estará representado, de acordo com fontes diplomáticas à Lusa, pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos (Reunião Ministerial de Desenvolvimento), pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel (reunião da Força-Tarefa do G20 para o Estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza) e pelo secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, José Maria Brandão de Brito (ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20).

Em Fortaleza, entre quinta e sexta-feira, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, será a representante portuguesa na reunião do Grupo de Trabalho sobre Emprego.

As prioridades do governo brasileiro para esta presidência são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.

Os membros do G20 é constituído pelas 19 principais economias do mundo: Estados Unidos, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia, e ainda pela União Europeia e União Africana.

O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização, assim como a Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).