Desde que foi anunciada a reeleição de Nicolás Maduro, pelo menos seis países felicitaram o Presidente venezuelano e mostraram interesse em aprofundar as relações políticas com o país. A contrastar, fizeram-se ouvir as vozes de diferentes países — da América Latina à Europa — que duvidam da transparência dos resultados anunciados e que pedem a publicação das atas deste ato eleitoral.

A pressão começou a surgir por parte do Chile, Argentina, Peru e Colômbia. Ainda os resultados eleitorais não tinham sido divulgados e já estes quatro países pediam que os dados fossem divulgados de forma transparente, com o Presidente argentino Javier Milei a exigir na rede social X: “Ditador Maduro, fora!”.

Mas quando o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) deu oficialmente Nicolás Maduro como vitorioso, com 51,2% dos votos, o Peru prontamente disse que “não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano”. “Condeno em todos os extremos a soma de irregularidades e fraude por parte do governo de Venezuela”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros peruano, Javier González-Olaechea, na rede social X.

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Unidos contra a validade dos resultados eleitorais apresentados, também Costa Rica e Uruguai anunciaram que não vão aceitar a vitória de Maduro. Luis Lacalle Pou, chefe de Governo do Uruguai, argumentou que a votação esteve claramente “viciada”, enquanto o Governo costa-riquenho disse no X que os dados são fraudulentos.

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“O regime de Maduro deve entender que os resultados que publica são difíceis de acreditar”, escreveu também o Presidente do Chile, Gabriel Boric Font, no X. O Chefe de Estado disse que a comunidade internacional e o povo venezuelano exigem a total “transparência das atas e do processo” eleitoral.

A Guatemala partilha da mesma opinião. Na rede social X, o Presidente Bernardo Arévalo disse que a Venezuela “merece resultados [eleitorais] transparentes, precisos e correspondentes à vontade do seu povo”. E pediu a divulgação dos “relatórios dos observadores eleitorais”.

Também o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pediu que os detalhes da votação fossem revelados publicamente e mostrou-se preocupado com os resultados. “Temos sérias preocupações que os resultados anunciados não reflitam a vontade ou votos do povo venezuelanos. A comunidade internacional está atenta e segue o que se passa, agindo de forma responsável”, afirmou Blinken à margem de uma reunião em Tóquio.

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Transparência e acesso às atas: Europa unida contra resultados

Em representação da comunidade europeia, Josep Borrell defendeu ser “vital assegurar a total transparência do processo eleitoral”, no qual se inclui “a contagem detalhada dos votos e o acesso às atas de votação das mesas de voto” A vontade do povo venezuelano “deve ser respeitada”, escreveu o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança também no X.

Depois do chefe da diplomacia europeia se manifestar, Espanha, Itália e, por último, Portugal também se juntaram no apelo à transparência. “Que se tornem públicas as atas das mesas de voto uma a uma para que os resultados possam ser verificados”, pediu o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, em entrevista à cadeia de rádio espanhola SER.

“Exigimos resultados verificáveis” e “acesso às atas” eleitorais, escreveu depois o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, na mesma rede. Já Portugal pediu uma “verificação imparcial dos resultados eleitorais na Venezuela”, lê-se na publicação do Ministério dos Negócios Estrangeiros feita nessa mesma rede. A pasta tutelada por Paulo Rangel diz que “só a transparência garantirá a legitimidade”.

Rússia, Irão e China ao lado de Maduro

Até ao momento, seis países mostraram-se satisfeitos com a reeleição de Nicolás Maduro e um deles foi a nação liderada por Putin. “As relações russo-venezuelanas têm o carácter de uma parceria estratégica. Estou confiante de que a sua atividade como chefe de Estado continuará a contribuir para o seu desenvolvimento progressivo em todas as vertentes”, disse o Presidente russo, citado no canal Telegram do Kremlin. Isto “está de acordo com a construção de uma ordem mundial mais justa e democrática”, acrescentou Putin, lembrando que Maduro “é sempre bem vindo ao solo russo”.

Antes disso, Irão e China felicitaram a conquista de Maduro. Estamos disponíveis “para fortalecer a relação estratégica” com a Venezuela, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, citado pela RTVE, Lin Jian.

Já o Irão felicitou a Venezuela pela “realização bem-sucedida” das eleições presidenciais na rede social X. A “eleição, realizada apesar de algumas ameaças e sanções cruéis e injustas impostas à Venezuela, foi realizada com a participação do povo e com a supervisão de centenas de observadores internacionais de países, instituições e organizações”, escreveu Nasser Kanaani.

Também Cuba, Bolívia e Honduras deixaram o seu apoio a Maduro, aproveitando para elogiar o facto de se ter “respeitado a vontade do povo”. Na rede social X, o Presidente cubano Miguel Díaz-Canel escreveu que conversou “com o irmão” Maduro “para lhe transmitir os parabéns”. “A dignidade e a coragem do povo venezuelano triunfaram sobre as pressões e manipulações”, escreveu”.

“Saudamos que se tenha respeitado a vontade do povo venezuelano nas urnas”, escreveu o Presidente da Bolívia, Luís Arce, na mesma rede social. Já a Presidente das Honduras, Xiomara Castro, deixou uma saudação “democrática, socialista e revolucionária” ao presidente Nicolas Maduro e ao “valente povo da Venezuela pelo seu triunfo incontestável” que reafirma o “o legado histórico” de Hugo Chávez.