A bolsa de Mobilidade Gil Mendo é uma iniciativa do Fundo Roberto Cimetta, da Direção-Geral das Artes — Ministério da Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian para homenagear o legado do professor e coreógrafo Gil Mendo, incentivando a mobilidade de criadores da dança, anunciou esta segunda-feira a organização.
Gil Mendo, que morreu em 23 de março de 2022, foi um dos fundadores da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa e do Forum Dança, na década de 1990. Foi programador de dança no Centro Cultural de Belém (1993-1995) e na Culturgest (2004-2017).
Os principais objetivos da Bolsa de Mobilidade Gil Mendo, gerida pelo Fundo Roberto Cimetta, passam por “reforçar conhecimentos e competências profissionais, através do intercâmbio entre pares, da aprendizagem, da cocriação, coprodução e criação/participação em redes”, segundo uma nota publicada no sítio ‘online’ da Direção-Geral das Artes.
Também visa “aumentar as oportunidades de trabalho, contribuindo direta ou indiretamente para o desenvolvimento cultural no Mediterrâneo”.
Podem candidatar-se a esta bolsa profissionais das artes e da cultura residentes em Portugal, incluindo ilhas, e nos países não pertencentes à União Europeia situados na bacia do Mediterrâneo, como os Balcãs Ocidentais, o Norte de África e o Médio Oriente.
A bolsa disponibiliza um montante fixo entre 500 e 1.000 euros destinado a financiar, total ou parcialmente, os custos relacionados com projetos de mobilidade, nomeadamente transportes, vistos e alojamento, entre outros.
As iniciativas “devem realçar a contribuição e o impacto potencial do projeto de mobilidade no panorama artístico e cultural local e/ou regional”, ainda segundo as regras gerais, e será constituído um júri de seleção externo, composto por um grupo de peritos de Portugal e de países mediterrânicos não pertencentes à União Europeia.
Um ano depois da morte, Gil Mendo — considerado uma referência da dança em Portugal — foi homenageado com uma celebração de três dias de performances e conversas na Culturgest, em Lisboa, em torno das áreas nas quais o criador trabalhou: programação artística, educação, construção de políticas culturais e internacionalização.
Intitulado “Para o Gil”, o evento, concebido de forma coletiva pela comunidade da dança, recebeu a participação de artistas ligados à dança como Vera Mantero, João Fiadeiro, Madalena Victorino, Tânia Carvalho, Sónia Baptista, Sílvia Real, Né Barros e a dupla Ana Borralho e João Galante, entre outros.
Gil Mendo Valente e Branco, nascido em 1946, em Oeiras, estudou no Centro de Estudos de Bailado do Instituto de Alta Cultura e no Benesh Institute of Choreology, em Londres.
Entre 1990 e 1991 foi consultor para a dança do Comissariado Europália 91-Portugal e participou na organização de mostras de dança portuguesa em Madrid, Espanha, Glasgow, na Escócia, e Bona, na Alemanha, tendo participado em conferências e júris internacionais.
Trabalhou como perito do Fundo Roberto Cimetta para a mobilidade de artistas e profissionais do Mediterrâneo, do qual também foi um dos fundadores.