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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, autorizou esta sexta-feira a sua equipa de negociadores a regressar no sábado à noite ao Cairo, para avançar no acordo de tréguas que permita o regresso dos reféns ainda detidos na Faixa de Gaza.
A confirmação surgiu depois do Canal 12, o mais visto em Israel, ter noticiado que o chefe da Mossad (serviços de informação), David Barnea, que chefia a delegação israelita, ter repreendido na quinta-feira o primeiro-ministro israelita, numa reunião tensa, por desperdiçar a vantagem após a morte do principal líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, que era também o principal negociador dos islamitas. Haniyeh foi alvo de um ataque em Teerão, atribuído a Israel, que negou.
Barnea terá frisado que havia um acordo pronto para ser aceite, mas o gabinete do primeiro-ministro negou estas alegadas divergências e disse que a reportagem “está incorreta”, noticiou a agência Efe.
A premissa de que o Hamas terá alegadamente aceitado os termos do acordo é falsa. Ainda não é claro se o Hamas retirou a sua exigência de que Israel se comprometa a acabar com a guerra e a retirar-se completamente da Faixa [de Gaza], e que não pode voltar a lutar”, destacou o gabinete de Benjamin Netanyahu no comunicado.
O gabinete do primeiro-ministro anunciou que “ainda não foi alcançado acordo sobre o número de reféns vivos a libertar, sobre a permanência de Israel no eixo Filadélfia — fronteira entre Gaza e Egito —, sobre o mecanismo para impedir a entrada de terroristas e estrangeiros ilegais e outros pormenores importantes”.
As exigências de Israel foram contempladas na proposta apresentada pelo Presidente dos Estados Unidos Joe Biden em maio, projeto sobre o qual está a ser negociado o cessar-fogo, ao qual “Netanyahu não acrescentou nada, enquanto o Hamas exigiu dezenas de alterações”, explicou ainda o gabinete.
“Sinwar [chefe do Hamas em Gaza] é o obstáculo ao acordo e não o primeiro-ministro que está disposto a fazer qualquer coisa para libertar os nossos reféns, que lhe são queridos, ao mesmo tempo que mantém a segurança de Israel e impede as condições que permitiriam ao Hamas recuperar o controlo da Faixa, tornar-se novamente uma ameaça para Israel e voltar a cometer as atrocidades de 7 de outubro”, frisou ainda a mesma fonte.
Fontes de segurança egípcias confirmaram esta sexta-feira que os contactos entre mediadores egípcios e cataris com Israel cessaram completamente. “O assassinato de Haniyeh certamente não ajuda as negociações”, sublinhou Biden, por sua vez, na quinta-feira à noite.
“Como podem as negociações ser realizadas quando uma das partes assassina a outra?“, questionou, na quarta-feira, o primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abderrahman, principal interlocutor do Hamas.
Em reação, o porta-voz do grupo islamita palestiniano, Sami Abu Zuhri, defendeu que Benjamin Netanyahu não está interessado na trégua e que usa as negociações para esconder as suas decisões. “Netanyahu não quer parar a guerra e está a usar estas declarações vazias para encobrir os seus crimes e fugir às suas consequências”, acusou, citado na Al Jazeera.
A guerra em curso na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 39 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.