A Austrália elevou segunda-feira o nível de ameaça terrorista de “possível” para “provável”, apontando para um aumento de “ideologias extremas”, após uma recente série de ataques.

“O ambiente de segurança da Austrália está a deteriorar-se, é mais volátil e mais imprevisível”, disse aos jornalistas o diretor da agência de informações australiana, a Australian Security and Intelligence Organisation (ASIO).

“Cada vez mais australianos estão a ser radicalizados” e o país tem enfrentado “picos de polarização política” desde o início da pandemia de covid-19, disse Mike Burgess.

Não há indicação de um “ataque iminente”, mas há uma ameaça crescente nos próximos 12 meses, segundo a ASIO.

“Quero tranquilizar os australianos, provavelmente não significa inevitável e não significa que haja inteligência sobre uma ameaça ou perigo iminente”, disse hoje o primeiro-ministro, Anthony Albanese, aos jornalistas.

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“O conselho que recebemos é que mais australianos estão a abraçar uma gama mais diversificada de ideologias extremas e é nossa responsabilidade estarmos vigilantes”, disse Albanese.

“A violência com motivações políticas junta-se agora à espionagem e à interferência estrangeira como as nossas principais preocupações de segurança”, disse Mike Burgess.

A agência citou ainda preocupações sobre as tensões comunitárias devido à guerra na Faixa de Gaza, entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.

Burgess sublinhou que, embora a guerra em Gaza não seja a causa de elevar nível de ameaça terrorista, foi um “impulsor significativo” da decisão.

“O conflito [em Gaza] levou a queixas, originou protestos, minou a coesão social e aumentou a intolerância”, disse o dirigente.

Esta é a primeira vez desde novembro de 2022 que o nível de ameaça terrorista é elevado ao terceiro dos cinco níveis.

A Austrália registou em 2024 oito incidentes relacionados com possíveis atos de terrorismo, disse Burgess.

Em abril, um homem de 40 anos matou seis pessoas num centro comercial na maior cidade do país, Sydney. A polícia matou a tiro o autor do crime, que sofria de perturbações mentais.

Dois dias depois do ataque, um jovem de 16 anos foi acusado de um “ato terrorista” após ter esfaqueado um bispo de uma igreja ortodoxa assíria durante um sermão transmitido em direto. A vítima sobreviveu aos ferimentos.

No início de maio, a polícia matou a tiro um outro adolescente de 16 anos, descrito como radicalizado e com problemas mentais, nos subúrbios de Perth, no oeste da Austrália, depois de ferir uma pessoa num ataque à faca.