Em apenas quatro dias, o artista urbano Banksy lançou quatro obras dispersas pela capital britânica e estima-se que a desta quinta-feira não seja a última. Um lobo a uivar numa parabólica nas ruas de Londres é a mais recente obra do pintor, apesar de ter sido roubada apenas duas horas depois da sua instalação. Mas qual será o significado desta “série” de pinturas animalescas?
Ao longo desta semana têm surgido várias obras com animais como protagonistas. Uma em cada dia e num lugar diferente. A primeira a iniciar esta “onda de gravuras” apareceu na segunda-feira: uma cabra a balançar num pilar com pedras por baixo a cair. Seguiram-se dois elefantes a espreitarem de duas janelas fechadas — um em cada lado — na terça-feira. Já no dia seguinte, três macacos apareceram nos arredores da capital a balançar numa ponte. E agora, um lobo a uivar em direção ao céu no centro de uma parabólica. Que virá a seguir? Paul Gough, um especialista em obras de Banksy, professor e vice chanceler na Universidade de Bournemouth acredita que está planeado “algo de extraordinário” para os próximos dias.
De acordo com declarações do académico ao jornal Metro, o artista urbano está a trabalhar numa obra de fecho da série “em grande” que estará quase a aparecer na cidade. Apesar de ser relativamente usual o pintor criar um conjunto de obras relacionadas entre si para as suas intervenções, o espaço de confirmação da sua autoria costuma ser mais longo. “Ele confirmar imediatamente que a obra é dele algo que nunca vimos antes”, afirmou Gough ao jornal britânico.
O que já se sabe sobre as quatro obras de Banksy
Apesar do estilo em grupo não ser propriamente novo no autor, o fator diferenciador é o tempo, como já se explicou. A ronda começou esta segunda-feira com uma pintura que ilustra uma cabra montesa em equilíbrio num pilar enquanto caem pedras por baixo do mesmo na região de Kew, no sudoeste de Londres. A autoria foi confirmada no próprio dia.
Na terça-feira, foi a vez de dois elefantes “espreitarem à janela” num bairro em Chelsea, na zona oeste da capital (e mais uma publicação nas redes sociais). Nem 24 horas depois, chegaram três macacos a baloiçar numa ponte em Brick Lane, na região este. Por último — até ao momento — no meio de uma parabólica em Peckham, no sudeste londrino, o artista pintou um lobo solitário a uivar. Tal como as duas primeiras obras, também estas duas foram prontamente publicadas nas redes sociais do pintor urbano.
Para Paul Gough, está a emergir um padrão. Banksy já tinha utilizado animais no seu trabalho, mas “eram frequentemente criaturas como ratos ou chimpanzés”. Neste novo capítulo, os animais usados parecem “bastante benignos, bastante inocentes para o mundo, exceto o lobo, o que é certamente uma mudança em relação ao seu trabalho anterior”, continuou.
No entanto, todo o processo criativo precisa tanto da escolha do tema central como de inspiração que, neste caso e segundo o professor de Bournemouth, foi o atual “estado do mundo”. Com o seu trabalho, o artista pretende ajudar os espetadores das suas intervenções e a sociedade em geral “a compreender o mundo que os rodeia, quase como uma picada na cauda“.
No final do dia, mesmo com dúvidas e especulações em torno das obras de arte, uma coisa é certa para Gough: “Banksy trabalha segundo as próprias regras e todos estamos a dançar ao som da sua música“.