156 portugueses entre os mais de três milhões de lesados em todo o mundo que perderam dinheiro no esquema em pirâmide com criptomoedas da OmegaPro, revela o jornal Público na edição desta terça-feira.

O diário escreve que a OmegaPro se apresentava como uma empresa de investimento e marketing baseada em produtos financeiros, com sede em Londres e no Dubai, com promessas de elevada rentabilidade em investimentos num curto espaço de tempo.

A OmegaPro negociava em Foreign Exchange Market, ou seja, um mercado de câmbio em que o objetivo é lucrar com as flutuações nos valores das moedas. Quem queria investir, com a promessa de retorno de investimento que poderia chegar “até aos 300% em 16 meses”, tinha de fazê-lo através de criptomoedas.

Para ajudar a atrair as atenções, a empresa recorreu a eventos em hotéis de luxo com estrelas de cinema, como Steven Seagal, provas de rally em Itália e na Letónia ou torneios de futebol com astros como Ronaldinho, Casillas ou o português Luís Figo, em 2022. As agências de representação dos jogadores, atores e gurus de marketing que participaram nos vários eventos organizados pela empresa não responderam aos pedidos de contactos.

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Lars Ofofsson, o advogado sueco que representa cerca de 2.500 lesados em 55 países, detalhou o número de 156 portugueses afetados. Um deles, Carlos Veiga, revelou ao Público que perdeu 280 mil euros neste esquema. “Disse-me que ia ser rico e vendi a minha casa.”

O advogado acredita que este “pode ser o maior esquema de fraude em pirâmide de sempre”, não pelo número de lesados ou do valor envolvido, “mas pela sofisticação” do esquema. Os alegados fundadores da OmegaPro — identificados como Andreas Szakacs, Dilawar e Mike Sims — queriam “captar como clientes pessoas que têm pouca literacia financeira, que não são muito ricas, criando todo um marketing à volta do negócio que envolveu a contratação como embaixadores da marca estrelas do futebol e do cinema, e fazer convenções com gurus de liderança e de gestão em hotéis de luxo”, detalhou o advogado.

A OmegaPro surgiu no mercado em 2019, mas terá desaparecido em julho de 2023. Ainda que o investimento mínimo fosse de 100 euros, os clientes eram incentivados a investir cada vez mais para conseguir subir num ranking que prometia prémios, desde dinheiro a computadores, telemóveis ou viagens, e acesso a eventos exclusivos.