Uma assistente de bordo da British Airways que serviu a rainha Isabel II a bordo, guardou ao longo da vida uma série de objetos de recordação da sua carreira e entre eles estão documentos que revelam hábitos e gostos da antiga soberana, como por exemplo beber um Martini antes de receber visitas, ter rebuçados de mentol Velva por perto e usar as suas próprias almofadas. Esta memorabilia vai agora a leilão.

Elizabeth Evans trabalhou durante 28 anos na British Airways e depois de morrer, toda a memorabilia que guardou foi herdada pela sobrinha Jo Smallwood. Agora vai ser leiloada, como um tesouro, pela Hansons Auctioneers no dia 20 de agosto e espera-se que alcance um valor estimado entre 400 e 600 libras (entre 467 e 700 euros, aproximadamente). Isabel II e o príncipe Filipe foram, provavelmente, os clientes mais distintos que serviu a bordo de um avião numa tour por Singapura e Malásia em 1989 e até recebeu um certificado para celebrar a ocasião.

Entre os objetos guardados encontram-se documentos confidenciais com instruções para tratar o casal real. Por exemplo, se Isabel II estivesse a dormir antes de aterrar deveriam deixá-la dormir, e deveria haver uma taça com rebuçados de menta Velva sempre à mão. A rainha gostava de seguir os mapas enquanto viajava e de ter as suas próprias almofadas, o seu pessoal dava indicações sobre como fazer a sua cama. Por vezes havia reuniões a bordo e a monarca desfrutava de um Martini antes de receber as pessoas. Eram servidos canapés e cocktails e as notas lembram que a rainha deve ser a primeira a ser servida.

Elizabeth Evans era de Birmingham e começou a trabalhar na companhia aérea em 1970. Além de servir a antiga rainha e o marido, recebeu também a bordo figuras como Rod Stewart, Cliff Richard, Arnold Schwarzenegger e Patrick Swayze, e guardou cartões de menu assinados pelo ator.

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Isabel II a viajar no Concorde durante uma tour pelo Canadá e pelas ilhas do Caribe a propósito do seu jubileu de prata em 1977 © Getty Images

Evans casou tarde e viria a mudar-se para a África do Sul onde morreu em 2017, com 70 anos. Esta coleção foi encontrada depois no seu escritório, quando a sobrinha, Jo Smallwood, foi tratar do funeral da tia. A antiga agente de polícia atualmente reformada disse que sabia que a tia guardava recordações, mas desconhecia pormenores do que viria a encontrar. “Ter encontrado este tesouro relacionado com a carreira da minha tia na British Airways, especialmente as fantásticas viagens no Concorde e servir a rainha, achei triste que nada disto visse a luz do dia”, pode ler-se no site da leiloeira. “Esta coleção é um pequeno pedaço de história que deve ser partilhada e apreciada por alguém.”

O dono da casa de leilões, Charles Hanson, acredita que a assistente de voo devia ser tida em alta consideração dentro da companhia aérea já que lhe cabia trabalhar com ilustres clientes.  “A sua memorabilia retrata o Concorde no seu ponto alto e o pormenor das viagens de luxo com a British Airways. Nenhum desejo de um VIP era demasiado pequeno para ser realizado.” Embora o voo real da British Airways que levou Isabel II e o príncipe Filipe numa tour por Singapura e Malásia não tenha sido no Concorde, “a rainha Isabel II seguiu de perto o desenvolvimento do Concorde”. Conta que a rainha “desfrutou do seu primeiro voo supersónico em 1977 e usava o avião para visitas de estado”. Hanson descreve também que em 1991, os príncipes de Gales, Carlos e Diana, também usaram o Concorde para uma viagem a Omar e ao Paquistão.