O município de Ferreira do Zêzere anunciou esta sexta-feira que vai instalar um espaço museológico e de visitação na torre templária pentagonal de Dornes, depois de arqueólogos terem ali descoberto uma necrópole, moedas e outros artefactos medievais.

“Nós vamos proporcionar a quem visita um conjunto alargado de experiências, nomeadamente a torre vai ser visitável no seu topo, com uma vista de 360º sobre a península de Dornes, a par de uma experiência imersiva, com videomapping, naquilo que é a Rota dos Templários e que dará conta de algumas das histórias e das lendas de Dornes”, disse hoje à Lusa o presidente do município de Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém, Bruno Gomes.

Os trabalhos de requalificação da torre pentagonal, um “raro exemplar da arquitetura militar erguida pelos templários” para defesa da linha do Tejo, estão em curso desde 2023, com os resultados das prospeções arqueológicas a atrasarem a data prevista para conclusão das obras e a levarem mesmo à reformulação do projeto inicial, depois de terem sido encontradas, no exterior da torre, uma necrópole medieval, algumas sepulturas, e recuperadas algumas moedas.

Aquilo que eu considero de maior relevância tem sido precisamente os achados que junto à torre apareceram no âmbito das prospeções arqueológicas, como uma necrópole, que queremos preservar, a par de artefactos, moedas, e fios”, entre outros materiais, “e queremos aproveitar a torre para os preservar em espaço museológico”, afirmou Bruno Gomes.

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As escavações arqueológicas decorreram no interior e exterior da torre, edificação com funções militares e de defesa construída em xisto e calcário no início do século XIII sobre a base de uma antiga torre romana.

No interior da torre existem estelas funerárias de cavaleiros da Ordem do Templo e “o estudo destas lápides poderá revelar mais detalhes sobre a história dos templários na região”.

As moedas encontradas no exterior da torre “permitiram datar com maior rigor” a cronologia daqueles enterramentos, sendo que, “no seu interior, também foram efetuados trabalhos arqueológicos onde, a um metro de profundidade, foi detetado um pavimento (lajeado em xisto) que foi já escavado para aferir cronologias e avaliar a existência de outros contextos arqueológicos preservados” que contribuam para um maior conhecimento da história deste monumento.

A torre templária de Dornes, “com a sua forma pentagonal, constitui um raro exemplar da arquitetura militar da reconquista cristã“, encontrando-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1943.

“A torre pentagonal, só por isso muito singular, com a sua recuperação e integração na Rota dos Templários, em parceria com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, vai conferir importância maior e valorizar ainda mais aquilo que são os ativos turísticos desta região”, sinalizou o autarca.

No projeto de “Restauro, conservação e requalificação da Torre Pentagonal de Dornes e sua envolvente”, feito pela Paróquia de Dornes, o município assumiu a candidatura a apoios financeiros e, em protocolo, como “dona da obra”.

O investimento global previsto é de 529 mil euros, incluindo a obra e a musealização da torre pentagonal, dos quais 370 mil euros constam como valor elegível e com um financiamento a 70% pelo Turismo de Portugal, estando em fase de “reprogramação temporal e financeira”.

Bruno Gomes perspetivou que “até ao final do ano” a requalificação da torre possa estar concluída e que, “paralelamente, está a ser efetuado um inventário de todo o espólio existente”, tendo apontado para 2025 a musealização da torre.

Mandada edificar por Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, para defesa da linha do Tejo, terá sido construída sobre a base de uma antiga torre romana. No interior da torre encontram-se, intactas, algumas estelas funerárias templárias. No século XVI, perdida a função guerreira, foi transformada em torre sineira.