O incêndio que deflagrou na quarta-feira na Ribeira Brava, na Madeira conta com três frentes ativas e está já a ser combatido por mais de 100 operacionais de todas as corporações de bombeiros da ilha, apoiados por 37 veículos. Entretanto, tendo em conta a dimensão e as consequências do incêndio, Miguel Albuquerque decidiu interromper as férias no Porto Santo, e estará às 23h15 no posto de Comando do Curral das Freira, instalado na Eira do Serrado para “se inteirar in loco do combate ao incêndio naquela freguesia”. Este sábado, e ao fim de vários dias de incêndio, foi decidido aceitar o apoio do continente para o envio de 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que sairão de Figo Maduro, Lisboa, às 21h45 para ajudar no combate às chamas que começaram na quarta-feira, anunciou o Governo Regional.
Ao início da noite, em conferência de imprensa nas instalações do Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, Pedro Ramos, secretário regional da Proteção Civil, adiantou que estão também no terreno, além dos bombeiros, 21 elementos do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, quatro operacionais da GNR e oito viaturas, assim como 11 agentes da PSP apoiados por oito viaturas. Pedro Ramos adiantou que ao início da noite deste sábado estão também no terreno, além dos bombeiros, 21 elementos do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, quatro operacionais da GNR e oito viaturas, assim como 11 agentes da PSP apoiados por oito viaturas.
A partir do Curral das Freiras, o Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, garantiu que vai estar a acompanhar a situação no local e apontou para fogo posto. “Estamos preparados, não é o primeiro incêndio que temos. Esta situação de fogo posto, infelizmente, não se consegue controlar, é impossível. O fogo surgiu na zona alta da Serra de Água, uma zona completamente inacessível. Compete às autoridades averiguar”, referiu Miguel Albuquerque aos jornalistas.
“Vamos estar toda a noite com as equipas no sentido de acompanhar e tentar conter o incêndio”, acrescentou. “Estamos a aguardar a força de intervenção, que chega à uma da manhã”, referiu Miguel Albuquerque, sublinhando que o objetivo é “tentar conter a expansão do fogo”.
Fazendo um ponto de situação do incêndio, que começou na quarta-feira de manhã no concelho da Ribeira Brava e alastrou no dia seguinte ao município vizinho de Câmara de Lobos, o governante informou que atualmente estão três frentes ativas: Jardim da Serra, Curral das Freiras e Encumeada.
O fogo está a lavrar na zona da Encumeada (Ribeira Brava), onde já foram retiradas ao final da tarde deste sábado cerca de 60 moradores das suas habitações, incluindo pessoas com mobilidade reduzida e acamadas que serão acolhidas no centro de saúde daquele município, disse. Ainda na Ribeira Brava, 35 pessoas da freguesia de Serra de Água foram encaminhadas para um pavilhão, onde deverão passar a noite, já que não é seguro o regresso às suas casas, avançou o Jornal da Madeira.
À SIC, Ricardo Nascimento, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava, garantiu que não foram identificadas pessoas em risco e explicou que as chamas avançaram “para sítios onde é quase impossível chegar”.
No concelho de Câmara de Lobos também foram retiradas cerca de 50 famílias das suas casas, na freguesia do Curral das Freiras, na madrugada de hoje, e numa localidade da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos cerca de 60, durante a tarde. Pedro Ramos indicou ainda que o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil foi ativado.
Incêndio na Madeira. Miguel Albuquerque interrompe férias em Porto Santo
O combate a este incêndio “tem sido especialmente difícil devido à progressão do fogo em áreas de difícil acesso terrestre”. “No Curral das Freiras, o incêndio já se espalhou por toda a encosta, colocando em risco as áreas de Seara Velha e Terra Chã de Cima, tendo o evoluir do incêndio nesta freguesia originado a evacuação de residentes das suas habitações por segurança e precaução, desencadeada pelo Serviço Municipal de Proteção Civil de Câmara de Lobos”, avançou este sábado a Proteção Civil.
“Apesar das condições adversas, como altas temperaturas, baixa humidade, ventos fortes e orografia complexa, as equipas encontram-se no teatro de operações a desenvolver todos os esforços para controlar as chamas e salvaguardar as residências”, destacou ao início deste sábado a Proteção Civil, apelando à população para evitar deslocações desnecessárias para as áreas afetadas.
Madeira recebe 80 bombeiros da Força Especial nas próximas horas
“Face à evolução da situação e tendo em conta as condições meteorológicas que estão a dificultar a ação dos homens no terreno, e após novo contacto com o secretário de Estado da Proteção Civil e o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, o Governo Regional anuncia que neste momento está a decorrer toda a logística necessária para permitir que 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros possam chegar à Madeira nas próximas horas”, lê-se numa nota enviada às redações.
No comunicado, a Secretaria Regional de Saúde e Proteção Civil refere que “esta força de homens irá complementar todo o trabalho que está a ser feito no terreno pelos bombeiros, Polícia Florestal e demais entidades envolvidas neste combate ao incêndio”.
De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), a equipa de bombeiros que vai de Portugal continental para a ilha da Madeira vai partir pelas 21h45 deste sábado do terminal militar de Figo Maduro, em Lisboa, precisando que se trata de uma Força Operacional Conjunta, que “integra 76 operacionais”. O Ministério da Administração Interna atualizou entretanto a informação e acrescentou que Paulo Simões Ribeiro, secretário de Estado da Proteção Civil, acompanhou a equipa enviada para a Madeira até ao aeroporto de Figo Maduro.
Esta equipa vai ser chefiada pelo 2.º comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo Central, Fábio Pontes, contando com 25 operacionais da estrutura de comando da ANEPC, 21 bombeiros da Força Especial de Proteção Civil (FEPC) da ANEPC, 15 militares da Unidade Especial de Proteção e Socorro da Guarda Nacional Republicana (GNR), 16 elementos da Força de Sapadores Bombeiros Florestais do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), 16 bombeiros das corporações de bombeiros da região do Alentejo e quatro membros do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
“Mais informamos que na última hora os meios no terreno foram reforçados e as equipas de intervenção florestal afetas à Guarda Nacional Republicana foram acionadas”, indica a tutela regional, sem precisar o número de meios.
O Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram) disponibilizou duas linhas de apoio a todos os utentes da região, uma assegurada pelo serviço de psicologia, com o número 969320140, e a linha de apoio SRS 24h, assegurada pelo gabinete de apoio à família, com o número 800242420.
Em declarações aos jornalistas no Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos, cerca das 13h00, o secretário regional da Saúde e Proteção Civil adiantou que cerca de 50 famílias estavam a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia. O centro de saúde e a igreja local encontram-se abertos para receber a população que necessite. O acesso à freguesia, localizada no interior do município de Câmara de Lobos, foi condicionado.
Câmara de Lobos ativa Plano Municipal de Emergência
Já na tarde deste sábado, o município de Câmara de Lobos decidiu ativar o Plano Municipal de Emergência, indicou o presidente da autarquia à agência Lusa. Leonel Silva realça que a decisão foi tomada atendendo à rápida evolução do incêndio, que começou na quarta-feira na Ribeira Brava e se propagou a Câmara de Lobos na noite do dia seguinte, e às previsões de continuação de vento e calor nos próximos dias.
“Considero que é importante ativar o Plano Municipal de Emergência e convocar a Comissão Municipal de Proteção Civil no sentido de fazermos um balanço da evolução dos trabalhos do terreno, e também de tomar medidas de preparar as próximas horas e os próximos dias de forma a conseguirmos que os meios empenhados estejam devidamente organizados para atender às necessidades das populações”, salientou.
O autarca indicou também que foi decidido, na tarde deste sábado, evacuar o sítio da Fajã das Galinhas, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, onde foram retiradas cerca de 60 pessoas. A maioria será acolhida em casa de familiares e amigos, 10 serão alojadas numa instalação municipal e quatro, devido a problemas de saúde, vão ser integradas numa unidade de saúde.
Funchal retira animais do canil municipal por precaução
Entretanto, a Câmara do Funchal está já a retirar preventivamente alguns animais do canil municipal Vasco Gil, na sequência do incêndio que assola a região, embora afaste “qualquer perigo iminente”.
Em comunicado, a autarquia adianta que, “no imediato, estão a ser retirados os animais mais debilitados e com idade mais avançada”, acrescentando que “os meios de prevenção estão preparados, nomeadamente viaturas e identificação dos locais onde os animais possam ser acomodados, caso seja necessária uma retirada urgente”.
O município recorda que, conforme já informou na sexta-feira, decidiu reforçar a vigilância e a prontidão operacional dos seus serviços.
“O executivo do Funchal manifesta solidariedade para com as populações que estão a ser diretamente afetadas pelos incêndios, e já disponibilizou aos concelhos vizinhos toda a colaboração necessária”, lê-se ainda no comunicado.
Albuquerque responde a críticas da oposição: “Fazem política baixa”
Depois de várias críticas sobre a demora a dar luz verde para que fosse enviada ajuda para combater os incêndios na Madeira, Miguel Albuquerque aproveitou para responder, assim que chegou a Curral das Freiras, este sábado à noite. Falou em “falhados políticos” e considerou que “quando as pessoas estão nervosas, fazem política baixa”.
Na sexta-feira à noite, fonte do gabinete do presidente do executivo madeirense disse à agência Lusa que o Governo da República ofereceu apoio no combate ao incêndio, mas Miguel Albuquerque transmitiu que os meios no terreno eram suficientes nesta altura.
“O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, contactou o presidente do Governo Regional no sentido de apoiar no combate aos incêndios”, disse à agência Lusa fonte do gabinete de Miguel Albuquerque.
O presidente do Governo madeirense, segundo a mesma fonte, informou que “devido às zonas de difícil acesso” onde se verificam os fogos, não é possível afetar mais meios e “até o helicóptero nem sempre pode atuar devido ao vento”. “De momento, não é necessário”, reforçou.
O presidente do parlamento da Madeira, José Manuel Rodrigues, manifestou entretanto o seu apoio e solidariedade com as populações e com todos os envolvidos no combate aos incêndios nos concelhos de Câmara de Lobos e da Ribeira Brava. “Acompanho com preocupação o evoluir da situação e estou certo que, no tempo próprio, a Assembleia e os seus deputados tomarão medidas, em conjunto com o Governo, para minimizar os prejuízos destes incêndios na floresta, nos terrenos agrícolas e nos bens das populações”, afirma José Manuel Rodrigues, numa nota enviada às redações.
O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, classificou de “incompreensível e irresponsável” a decisão do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, de rejeitar o apoio da República para o combate aos incêndios na ilha. “Mais que não fosse por prevenção, esta recusa de Miguel Albuquerque, numa atitude que já conhecemos de que ‘está tudo controlado’, demonstra que não podemos confiar naquele que deveria ser o primeiro a garantir a segurança de pessoas e bens”, diz o responsável socialista insular num comunicado.
Cafôfo reagia, assim, à decisão do chefe do executivo madeirense de recusar o apoio disponibilizado na sexta-feira, pelo Governo da República, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, para o combate ao incêndio que deflagrou quarta-feira no concelho da Ribeira Brava no dia seguinte se propagou ao município contíguo de Câmara de Lobos.
O CDS-PP, que tem um acordo de incidência parlamentar com o PSD na Assembleia Legislativa Regional, pediu este sábado o reforço de meios para combater os incêndios, ainda antes do anúncio do executivo madeirense. O JPP e IL também já manifestaram solidariedade com as populações afetadas pelo fogo, bem como com todos os operacionais envolvidos no combate.
O presidente do Chega/Madeira classificou como “incompreensível e irresponsável” a atitude do presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, de só aceitar a ajuda da República “quando a situação se agravou”. E, na sexta-feira, o PAN tinha expressado “a sua preocupação com os incêndios”, destacando o “trabalho incansável dos bombeiros que estão na linha da frente no combate a estas chamas”.