O movimento palestiniano Hamas acusou este domingo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de “obstruir” um acordo de tréguas em Gaza, após a mais recente ronda de negociações em Doha.

“Consideramos Benjamin Netanyahu totalmente responsável pelo fracasso dos esforços dos mediadores, pela obstrução de um acordo e pelas vidas dos reféns, que correm o mesmo perigo que o nosso povo [com os contínuos bombardeamentos]”, afirmou em comunicado o movimento radical palestiniano, que está em guerra aberta com Israel desde outubro.

Este domingo, Benjamin Netanyahu pediu uma “pressão direta sobre o Hamas”, denunciando aquilo que classificou como “recusa obstinada” para uma trégua na Faixa de Gaza, num momento em que Israel é a primeira etapa de uma visita do secretário de Estado norte-americano à região.

“O Hamas tem-se mostrado obstinado na sua recusa e nem sequer enviou um representante para as negociações em Doha. Por conseguinte, a pressão deve ser dirigida ao Hamas e ao [seu líder, Yahya] Sinouar, e não ao Governo israelita”, afirmou o governante israelita.

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Na quinta e na sexta-feira, os negociadores israelitas estiveram em Doha em conversações com mediadores do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos, com vista a um cessar-fogo em Gaza, combinado com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos.

De acordo com o gabinete de Netanyahu, no seu regresso, os representantes do Governo manifestaram um “otimismo moderado”.

“Há esperança de que a pressão significativa exercida pelos Estados Unidos e pelos mediadores sobre o Hamas lhe permita levantar a sua oposição à proposta americana”, que “inclui elementos aceitáveis para Israel”, segundo o gabinete.

Na sexta-feira, o Hamas já tinha afirmado que rejeitava as “novas condições” desta proposta, criticando os “‘diktats’ americanos”.

Netanyahu reafirmou este domingo que Israel estava a conduzir “negociações, e não uma troca de dar e receber”.

O gabinete do chefe do executivo informou ainda que receberá o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na segunda-feira de manhã em Jerusalém, no âmbito da sua nona viagem a Israel desde o início do conflito, em 07 de outubro.

Nesse dia, Israel declarou uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de o movimento islamita ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 111 dos quais permanecem em cativeiro, enquanto 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 40.000 mortos (quase 2% da população) e 92.401 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

Depois da visita a Israel, o secretário de Estado norte-americano vai encontrar-se na terça-feira com responsáveis do Egito, país que recebe esta semana a continuação das negociações suspensas na sexta-feira à noite em Doha.