Um homem morreu e seis pessoas estão desaparecidas após um veleiro de luxo se ter afundado ao largo da costa da Sicília, Itália, na madrugada de segunda-feira, informam os bombeiros e os serviços de salvamento italianos.
O barco transportava 22 pessoas. Quinze delas foram resgatadas pelos serviços de emergência, incluindo uma criança de um ano. A embarcação enfrentou condições atmosféricas adversas — uma tempestade e um forte remoinho — ao largo da costa de Palermo e acabou por naufragar a uma profundidade de 50 metros. Mergulhadores estão à procura das restantes pessoas desaparecidas após já terem localizado os destroços da embarcação.
Francesco Venuto, porta-voz da agência de proteção civil da Sicília, disse à BBC, no final da tarde desta segunda-feira, que as autoridades “pensam que [os cadáveres] devem estar lá [no barco]”. “Procurámos durante todo o dia com helicópteros e barcos e não encontrámos nada. Isso não faz sentido, nestas condições já devíamos ter encontrado alguma coisa”, acrescenta Venuto.
Mike Lynch, empresário britânico do sector da tecnologia, já foi confirmado pela BBC como um dos desaparecidos. O jornal britânico revela que a mulher do empresário, Angela Bacares, é a proprietária legal do iate. A inglesa estava na embarcação quando este afundou, mas está entre as 15 pessoas resgatadas.
Em março, Lynch, empresário outrora conhecido como “Bill Gates britânico”, começou a ser julgado em São Francisco, nos EUA, devido a suspeitas de fraude na venda da empresa de software que co-fundou, a Autonomy, à Hewlett-Packard em 2011.
O veleiro de 56 metros, batizado enquanto “Bayesian”, transportava um grupo de cidadãos de várias nacionalidades, incluindo britânicos. Tinha içada uma bandeira britânica, de acordo com o Corriere della Sera. Segundo o The Guardian, entre os desaparecidos estão americanos e um canadiano.
Em declarações à Reuters, Karsten Borner, o capitão de um dos barcos que resgatou os passageiros do naufrágio descreve uma tempestade de grande dimensão que quase o impediu de manter o seu próprio barco estável. Após ter percebido que o veleiro que seguia atrás de si tinha desaparecido, avistou um bote salva-vidas com 15 pessoas no interior.
O iate de luxo foi construído pelo construtor naval italiano Perini em 2008 e foi renovado pela última vez em 2020.
O serviço de emergência italiano, Vigili del Fuoco, partilhou imagens na rede social X do avistamento do naufrágio na manhã desta segunda-feira, informando que a equipa de bombeiros está a fazer buscas desde a madrugada.
#Palermo, naufragio imbarcazione davanti alla costa di Porticello, 15 persone salvate, 7 segnalate come disperse: dall’alba #sommozzatori dei #vigilidelfuoco impegnati nelle ricerche. Relitto individuato a 50 metri di profondità, in arrivo sommozzatori speleo [#19agosto 10:00] pic.twitter.com/IJGP2aRRWB
— Vigili del Fuoco (@vigilidelfuoco) August 19, 2024
O navio é gerido pela Camper and Nicholsons International. Um porta-voz da empresa disse à BBC que estão atualmente “a lidar com uma situação a bordo de um dos navios que gerem”, sem avançar detalhes. O barco deixou o porto siciliano de Milazzo na quarta-feira da semana passada e foi rastreado pela última vez a leste de Palermo na noite de domingo.
Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido disse à Reuters que as autoridades britânicas estão em contacto permanente com as autoridades locais sobre o incidente e estão prontas para fornecer apoio consular aos britânicos afetados.
Mãe de bebé de um ano segurou criança no ar depois de caírem ao mar. Corpo de homem encontrado é do cozinheiro do iate
“Segurei-a [a filha] à tona com toda a minha força, com os braços esticados para cima, para evitar que se afogasse”, afirmou ao La Repubblica Charlotte Golunski, a mãe da criança de um ano que saiu praticamente ilesa do naufrágio. Segundo informa a BBC, trata-se de uma parceira de negócios e amiga de Mike Lynch.
“Estava tudo escuro. Na água, não conseguia manter os olhos abertos. Gritei por socorro, mas tudo o que conseguia ouvir à minha volta eram os gritos dos outros”, acrescentou.
Domenico Cipolla, chefe das urgências do hospital pediátrico Giovanni di Cristina, em Palermo, já tinha descrito a experiência de Charlotte, a mulher britânica que estava a bordo do Bayesian quando ele afundou e que conseguiu salvar a sua filha, Sophie, de um ano.
“Ela contou-me que enquanto dormiam, em determinado momento o iate virou devido ao tornado, e eles caíram na água”, relatou o médico. “Disse que ficou na água por não mais que dois, três segundos, e conseguiu salvar o bebé, manter os braços levantados, e então, junto com os outros, entrar no bote salva-vidas”, acrescentou.
“Eles estão todos em boas condições. Conseguimos que os pais conversassem (entre si) pelo telefone, todos os médicos e enfermeiros ficaram muito emocionados, também porque a menina está bem, o prognóstico é bom e estamos a fazer exames só para ter cuidado”, cita o The Telegraph.
Entretanto, vários meios de comunicação social italianos, incluindo o La Stampa, avançam que o corpo sem vida de um homem que foi recuperado pelos bombeiros no fundo do mar próximo aos destroços é o do cozinheiro, cidadão de Antígua nascido no Canadá.
Os passageiros faziam parte de um grupo internacional que embarcou no Bayesian para um cruzeiro no Mediterrâneo: vinham de Milazzo e Cefalù e rumavam para Palermo, quando foram surpreendidos por uma tempestade na madrugada desta segunda-feira.