O Ministério das Finanças confirma o afastamento da administração da Parpública, a holding do Estado. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios e confirmada por fonte oficial do Ministério de Joaquim Miranda Sarmento, sem avançar mais detalhes.
Já esta sexta-feira, o Eco e o Jornal de Negócios avançam que o novo presidente da empresa será Joaquim Cadete, que é professor auxiliar da Católica Business School of Economics, sendo ainda apontados os nomes de João Pinhão para assumir o pelouro financeiro e de Cristina Carvalho. Esta informação foi confirmada entretanto pelo Ministério das Finanças ao Observador.
A atuação da Parpública no processo que resultou na insolvência da Inapa foi alvo de duras críticas por parte da administração demissionária de empresa de distribuição de papel. A Parpública era a maior acionista da Inapa e recusou um pedido de financiamento feito pela gestão privada da empresa, uma recusa que foi validada pelo Ministério das Finanças.
Mas no comunicado em que explica a recusa de uma linha de apoio de 12 milhões de euros, o ministério liderado por Joaquim Miranda Sarmento dava nota de que só tinha tido conhecimento da situação de rutura de tesouraria no grupo quando a Inapa comunicou ao mercado que ia adiar o pagamento de obrigações. Ou seja, apesar da troca intensa de mensagens (mais de 50) entre a administração da Inapa e a Parpública, o problema só chegou ao Ministério das Finanças em junho.
Por outro lado, também se ficou a saber que o Governo socialista já tinha recusado apoio financeiro do Estado à Inapa em 2022 num despacho assinado pelo então secretário de Estado das Finanças que foi invocado pela gestão da Parpública para recusar novo pedido da empresa de papel. O facto de este processo se ter desenrolado durante um período de transição de governos, também terá contribuído para o desfecho.
A Parpública tinha 44,5% da Inapa e, segundo acusou a gestão da empresa (entretanto assumida por um administrador judicial) foi a grande responsável pela entrada em insolvência, já que os acionistas privados e os maiores credores estariam dispostos a dar o seu apoio.
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Quase um mês depois do anúncio da falência da Inapa é afastada a gestão liderada por José Realinho Matos que foi nomeada pelo anterior Governo, e pelo ministro Fernando Medina, em novembro do ano passado. E poderá não ter direito a indemnização por não ter completado um ano em funções. Realinho Matos já era vice-presidente quando foi nomeado no ano passado, mas para iniciar um novo mandato com efeitos a 31 de outubro de 2023.
A administração da Parpública era composta ainda por Marco Neves, quem tinha a responsabilidade pela relação com a Inapa, João Marcelo e Elisa Cardoso. O mandato terminava no final de 2025.
O Ministério das Finanças não respondeu aos pedidos de esclarecimento do Observador, nomeadamente sobre se haverá lugar ao pagamento de indemnizações e se o Governo já tem substitutos na sequência de mais uma demissão de quadros dirigentes do Estado. Questionado sobre a decisão de afastar a administração Parpública, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que o tema não passou pelo Conselho de Ministros, recusando fazer comentários.
Parpública, a principal empresa do Estado, ainda não tem contas de 2023 aprovadas
A holding que concentra as principais participações do Estado ainda não tem as contas de 2023 aprovadas.