Mais uma temporada, mais uma volta. Mais uma volta de várias voltas num mesmo carrossel. Nas últimas duas épocas, Benfica e Sporting defrontaram-se seis vezes entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça. Agora, depois de entradas a ganhar nas meias-finais da Supertaça, os velhos rivais voltavam a encontrar-se em mais uma decisão que, apesar do histórico recente, apresentava diferenças de peso.

“As vitórias trazem-nos principalmente responsabilidade e saber que, para se estar aqui, é preciso ser-se excelente e todas elas são excelentes. Costuma dizer-se que queremos que os jogadores personifiquem o que são os treinadores e eu, felizmente, tenho essa sorte. Tenho jogadoras à minha volta que personificam o que desejamos e o que desejamos é viver esses momentos. Problemas com o Damaiense? Gosto de ver os dois lados e, dentro das dificuldades que atravessámos, fomos buscar o que nos caracteriza: quando toda a gente está à espera e pensa ‘é agora que o Benfica vai falhar’, o Benfica diz ‘não, estamos cá’”, destacara Filipa Patão, técnica de uma formação encarnada que perdeu este verão as avançadas Kika Nazareth e Jéssica Silva.

“O adversário do Sporting é o Sporting. Acho que isso nos aconteceu na época passada em alguns momentos, isso é o que tem de estar na nossa cabeça, fazer melhor o que podemos fazer. Independentemente do que o adversário, seja ele qual for, neste caso o Benfica ou outro qualquer, possa fazer, temos é de estar preocupadas com o nosso crescimento e com a forma como temos de estar e de entrar nos jogos e nas competições. Não só amanhã [sexta-feira] na Supertaça como depois na Liga dos Campeões, vamos com essa vontade de demonstrar a nossa qualidade”, apontara Mariana Cabral, treinadora de um conjunto verde e branco que viu Olivia Smith partir para o Liverpool mas garantiu contratações como Telma Encarnação.

Ainda assim, e entre esses discursos de otimismo para a competição e para a temporada, aquilo que sobrou da antecâmara do duelo no Estádio do Restelo acabou por ser as críticas ao facto de haver um encontro da Primeira Liga do Sporting no Algarve com o Farense à mesma hora do dérbi da Supertaça feminina, que se repetia pela quarta época consecutiva entre uma vitória das leoas e dois triunfos das águias. “É uma enorme falta de respeito pelas jogadoras do Sporting e do Benfica, por todas as pessoas que trabalham no futebol feminino. Acho que as instituições devem intervir nestes casos, não faz qualquer sentido o que vai acontecer. É uma pena, porque queremos promover o futebol feminino”, apontou Mariana Cabral. Faz sentido. E em mais um encontro que mostrou o aumento da competitividade que existe no plano nacional, o Sporting voltou aos títulos com um triunfo por 2-1 que valeu a terceira Supertaça na história.

A primeira parte que teve maioritariamente tendência de equilíbrio até começou com duas oportunidades para o Sporting, com Telma Encarnação a rematar forte por cima após um passe longo da defesa (13′) e Diana Silva a falhar o toque final na área após um livre lateral puxado ao segundo poste (16′), mas terminou com o Benfica na frente, na sequência de um grande passe de Ucheibe depois de um corte de Carole Costa que apanhou Cristina Martín-Prieto a fazer o movimento na profundidade no momento certo antes do remate cruzado na área perante os protestos sem razão da defesa leonina (27′). Telma Encarnação ficou próxima do empate num desvio ao segundo poste que saiu ao lado (31′) mas o 1-0 iria mesmo manter-se até ao intervalo.

Quando se esperava uma outra capacidade de reação das leoas no arranque do segundo tempo, o filme teve semelhanças com a primeira parte… para benefício do Sporting: o Benfica foi conseguindo segurar a partida sem permitir grandes chances à formação verde e branca de chegar à baliza de Rute Costa, Mariana Cabral mexeu com as entradas de Maísa e Cláudia Neto e a reviravolta chegou em pouco mais de dez minutos: num lance que até começou por ser anulado antes da reversão do VAR, Telma Encarnação fez o empate (74′ ou 77′, o tempo que mediou a decisão) e fez pouco depois a assistência para, na passada, Cláudia Neto rematar colocado na área para o 2-1 (85′). O banco leonino tinha crédito mas foi a internacional portuguesa contratada este verão ao Marítimo, que festejou à Gyökeres depois de duas arrancadas num estilo com as suas semelhanças ao sueco que fizera um hat-trick em Faro, que resgatou a chave do triunfo na Supertaça.

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