Não é o cenário mais comum, também não é um cenário que se possa considerar surpreendente. Apesar de estar a ganhar cada vez mais em termos desportivos e financeiros, o Manchester City tenta “enquadrar-se” o mais possível nos critérios do fair play financeiro numa fase em que está prestes a começar a ser julgado pela acusação de 115 violações às regras da Premier League ao longo dos anos. Assim, e quando estamos apenas a uma semana do fecho do mercado, os campeões ingleses gastaram apenas 25 milhões de euros em Savinho mas receberam mais de 100 milhões com as vendas de Julian Álvarez, Harwood-Bellis e Sergio Gómez. Em paralelo, mostram alguma ansiedade pelo início do julgamento para que tudo fique de vez arrumado.

Campeão Manchester City vence em casa do Chelsea com Bernardo Silva a assistir

“Da minha parte, estou muito satisfeito com esse arranque e espero que termine o mais depressa possível. Para benefício de todos, especialmente o clube mas também das outras equipas da Premier e de todas as pessoas que não estão à espera de uma sentença. Do fundo do coração, só desejo que comece o julgamento de um painel independente, e reforço a ideia de independente, e que apure o que possa ter acontecido porque nós vamos aceitar o veredicto como acontece sempre. Com isso podemos também focar-nos nos nossos jogos”, voltou a destacar Pep Guardiola na antecâmara da receção ao Ipswich, o primeiro encontro em casa depois da vitória na Supertaça Europeia com a Atalanta e do triunfo em Londres frente ao Chelsea.

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Enquanto não chega a hora, o técnico espanhol continua entretido com aquilo que mais gosta: futebol. E foi sobre isso que mais falou, neste caso explicando o porquê de ter introduzido novos modelos táticos na equipa apesar de ter conseguido no passado recente as épocas de maior sucesso pelo Manchester City. “Faço isso porque se não for assim fico aborrecido. Sempre a fazer a mesma coisa durante oito anos era aborrecido e esse é o primeiro ponto. Depois, quando mudas e corre bem, os adversários olham e tentam criar também um antídoto. Se jogarmos muito por dentro, fecham mais dentro; se dermos largura, eles jogam mais largo. Se eles respondem ao que fazemos, nós temos de responder ao que fazem. Terceira razão: pelos jogadores que temos, pelas qualidades específicas e pela adaptação para que joguem ao máximo”, explicou.

O encontro até começou com o Ipswich a aproveitar as afinações por fazer deste novo sistema de 3x2x4x1 com bola, aproveitando uma transição rápida para isolar Sammie Szmodics nas costas de Akanji para o remate que ainda foi travado por Ederson mas não com a força suficiente que evitasse o caminho da baliza (7′). Surpresa à vista? Nem por isso. Nada mesmo. E o Manchester City precisou apenas de cinco minutos para virar para 3-1, com Haaland a empatar de penálti (12′), Kevin de Bruyne a aproveitar um roubo de bola de Savinho ao guarda-redes Arijanet Muric para fazer o 2-1 (14′) e de novo Haaland a receber uma assistência do internacional belga para entrar na área, tirar a oposição da frente e encostar em chapéu para o 3-1 (16′). Com zonas de pressão alta bem definidas e um Savinho on fire, tudo se tornou fácil para a goleada…

Tudo estava resolvido pouco depois de começar, de tal forma que o próprio conjunto visitante quase que “abdicou” de voltar a importunar a formação do City (não conseguiu fazer mais nenhum remate à baliza até ao final) preocupando-se sobretudo com a possibilidade de não sofrer mais golos depois de duas bolas na trave em minutos consecutivos de Rico Lewis e Kevin de Bruyne. Assim, no dia que marcou o regresso ao Etihad Stadium de Gündogan após uma temporada em Barcelona, seria preciso esperar até aos minutos finais para o 4-1 de Haaland num remate de fora da área que valeu o décimo hat-trick desde que chegou a Manchester, sétimo a contar para a Premier. A tática pode mudar, o norueguês nem por isso…