Com o incêndio na Madeira “praticamente dominado”, e depois de ser alvo de muitas críticas pela gestão do combate ao fogo, Miguel Albuquerque veio defender as decisões políticas e técnicas que foram tomadas por estes dias. E aproveitou para atacar quem deixa “insultos alarves” aos responsáveis pelo combate ao incêndio, numa altura em que se sente “politicamente exposto”.
Numa conferência de imprensa feita em jeito de ponto de situação, ao lado dos responsáveis da Proteção Civil na região autónoma, Albuquerque veio defender que a estratégia adotada, focada em proteger núcleos urbanos e infraestruturas públicas, “revelou-se mais uma vez a mais acertada face a complexidade deste incêndio”.
Entretanto as chamas voltaram às encostas da Ponta do Sol e estão a ser combatidas.
Fogo regressa à Ponta do Sol na Madeira e está perto de casas
“Tecnicamente, as decisões foram as mais adequadas e as mais corretas”, assegurou o governante madeirense. A garantia surgiu em resposta às críticas que têm sido feitas à sua gestão e à demora em pedir a intervenção dos Canadairs que acabaram por despejar toneladas de água sobre as frentes ativas, ajudando a controlar o incêndio. Mas Albuquerque foi mais longe, fazendo pontaria aos críticos: “Os fogos desta complexidade não se combatem nem com achismos, nem com voluntarismos, nem de improviso. Combatem-se com conhecimento técnico do terreno, com rigor técnico e sentido de planeamento e uso rigoroso dos recursos e meios face aos cenários de ameaça”, disparou.
A explicação para os “insultos alarves” que, segundo Albuquerque, têm sido dirigidos a quem combate o fogo é uma e é política: é o próprio quem diz que está “politicamente exposto”. “Não é através do insulto gratuito que se combatem estas situações. É preciso respeitar os profissionais”.
Albuquerque passou, por isso, boa parte da conferência de imprensa a justificar as decisões tomadas nestes dias, esclarecendo que foi preciso “hierarquizar” e colocar em ordem as prioridades no combate ao incêndio (salvaguardar a vida humana, as habitações, as infraestruturas públicas e o património natural). “A floresta laurissilva, apesar da dimensão destes incêndios, não foi afetada na sua integridade natural enquanto património da UNESCO”, assegurou.
Agora, Albuquerque veio elogiar o papel dos meios aéreos, do helicóptero que atuava desde 14 de agosto aos Canadairs, que vieram reforçar o combate ao incêndio, mas só nos últimos dois dias — um timing decidido pelo governo regional, como já veio justificar o Ministro da Presidência, António Leitão Amaro. E visto que nesta situação os Canadairs — que os especialistas acreditavam que não seriam o meio mais eficaz para o terreno da Madeira — foram eficientes, o governante assumiu que poderão vir a ser utilizados no futuro, dependendo das circunstâncias.