O Presidente tunisino, Kais Saied, determinou este domingo uma remodelação de 19 ministros, sem dar explicações, a pouco mais de um mês das eleições presidenciais e sem que o primeiro-ministro tenha sido ainda substituído.

“Esta manhã (…) o Presidente da República decidiu proceder a uma remodelação ministerial”, anunciou a Presidência em comunicado de imprensa.

A remodelação surpresa incluiu os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa e de três secretários de Estado, na sequência da demissão no início deste mês do primeiro-ministro, que ainda não foi substituído.

Saied, de 66 anos, eleito democraticamente em 2019, assumiu todos os poderes num golpe de Estado em 25 de julho de 2021, e desde então tem sido acusado de excessos autoritários pela oposição e pelos seus críticos.

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O segundo mandato como chefe de Estado acontece, segundo Saied, num contexto de “guerra de libertação e autodeterminação” com o objetivo de “estabelecer uma nova república”.

Às eleições presidenciais de 6 de outubro concorrem Zouhair Maghzaoui, antigo deputado pan-árabe de esquerda, e Ayachi Zammel, industrial e dirigente de um partido liberal.

Na terça-feira, a organização não governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou que “pelo menos oito potenciais candidatos foram processados, condenados ou presos” e, de facto, “foram impedidos de se candidatar”.

Vários candidatos queixaram-se de terem sido prejudicados administrativamente na obtenção de formulários de patrocínio e de registos criminais.

No passado dia oito, o gabinete do Presidente anunciou a demissão do primeiro-ministro, Ahmed Hachani, sem dar qualquer explicação oficial.

Segundo a oposição, Saied desmantelou a maior parte dos controlos e equilíbrios estabelecidos desde o advento da democracia e a queda da ditadura de Ben Ali em 2011, na sequência da primavera Árabe.