O Presidente da República desacreditou esta quarta-feira o pedido de referendo de André Ventura sobre a imigração, reduzindo-o a uma não-questão. Numa resposta por escrito a um aluno da Universidade de Verão do PSD, divulgada na madrugada desta quarta-feira, o chefe de Estado apresenta uma série de números sobre imigração que permitem “ter presente a diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela.”
Na resposta sobre a análise que faz ao referendo à imigração proposto por Ventura, Marcelo diz que “é fundamental, ao falar-se de imigração, numa pátria como a nossa, que foi sempre de emigração, saber do que estamos a falar.” E, a partir daí, o Presidente da República apresenta dados concretos sobre a imigração, que desvalorizam a ideia de um choque cultural: “Quantos são os imigrantes? Um milhão em quase onze milhões que são a população residente no nosso território físico. Desse milhão, quantos integram a comunidade brasileira e luso-brasileira? Porventura mais de trezentos mil, a crescerem rapidamente e a poderem ser acima de quatrocentos mil em 2026 ou 2027. Quantos ucranianos, de radicação antiga e vítimas da guerra? Setenta mil ou perto disso. Somados são perto de quarenta por cento do total.”
Continunado um retrato sobre a imigração, Marcelo propõe o exercício de juntar “comunidades também antigas e sólidas – britânicos, cabo-verdianos, angolanos e indianos”. E acrescenta: “Teremos não longe de duzentos mil. E já vamos em perto de sessenta por cento do total. Olhemos para outros europeus clássicos e recentes – com italianos e franceses à cabeça. E vamos em não muito longe de dois terços do total. Mais outros PALOP, de um lado, e oriundos das Américas, do outro, e chegamos a setenta e vários por cento.” Ou seja: Marcelo sugere que mais de 70 por cento dos imigrantes estão perfeitamente enquadrados na cultura portuguesa.
O Presidente da República faz o retrato completo e diz que não se pode esquecer, claro os “asiáticos, recentíssimos – como do Nepal e do Bangladeshl.” Marcelo deixa depois a questão: “Destas todas comunidades, religiosamente qual a maioria? Cristã, de vários credos e Igrejas. Que peso têm muçulmanos, incluindo ismaelitas? Provavelmente menos de dez por cento. Africanos uns, aiáticos muito menos. Europeus e latino-americanos residuais.”
Depois da radiografia à imigração, o Presidente da República deixa estão uma conclusão que pretende desmontar a tese de André Ventura: “Resta aditar que a maioria é de nacionais de pátrias irmãs de língua portuguesa. Ter presentes estes números é ter presente a diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela.”