Está na estrada a quarta jornada do Campeonato Nacional. Aquela que promete alterar o cenário das contas do título, com o clássico de Alvalade como principal destaque. O início deu-se em Moreira de Cónegos, num palco onde o Benfica de Roger Schmidt tem perdido o norte. Afinal, nos dois encontros disputados nas últimas duas temporadas, o treinador alemão não conseguiu qualquer vitória e empatou ambos (1-1 e 0-0).

“Eu sem ti, quem era eu sem ti”, deve ter pensado Schmidt quando substituiu João Neves (a crónica do Moreirense-Benfica)

Antes de mais uma ida ao norte do país, incontornavelmente marcada pela derrota em Vila Nova de Famalicão na primeira jornada do Campeonato (2-0), os encarnados apresentaram-se muito ativos na janela de transferências nos últimos dias. Com João Mário a caminho da saída, tal como confirmou o alemão na conferência de imprensa de antevisão a este encontro, e Morato, Tomás Araújo, Arthur Cabral e Marcos Leonardo a serem sondados, Zeki Amdouni foi confirmado oficialmente como reforço, o que também deverá acontecer com Issa Kaboré, que já chegou a Lisboa.

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Ficha de jogo

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Moreirense-Benfica, 1-1

4.ª jornada da Primeira Liga

Parque Desportivo Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: André Narciso (AF Setúbal)

Moreirense: Kewin Silva; Fabiano Souza, Maracás, Marcelo, Goodfried Frimpong; Rúben Ismael (Sidnei Tavares, 55′), Lawrence Ofori; Madson (Benny, 77′), Alanzinho (Guilherme Schettine, 77′), Jeremy Antonisse (Gabrielzinho, 42′); Luís Asué

Suplentes não utilizados: Mika, Caio Secco; Carlos Ponck, Guilherme Liberato e Dinis Pinto

Treinador: César Peixoto

Benfica: Anatoliy Trubin; Alexander Bah, António Silva, Nicolás Otamendi, Álvaro Carreras; Leandro Barreiro, Florentino Luís (Renato Sanches, 45′); Ángel Di María (Arthur Cabral, 77′), Orkun Kökçü (João Rego, 86′), Gianluca Prestianni (Marcos Leonardo, 65′); Vangelis Pavlidis (Benjamin Rollheiser, 77′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares; Martim Neto, Tomás Araújo e Adrian Bajrami

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Lawrence Ofori (84′) e Marcos Leonardo (90+7′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Otamendi (31′), Florentino (43′) e Alanzinho (45+5′)

Para este encontro não se perspetivava ver grande parte desses nomes na ficha de jogo, à semelhança de Aursnes e Tiago Gouveia, que se lesionaram na última partida, embora o cenário do português seja bem mais grave. Beste é outro elemento que continua de fora, com Carreras a garantir a titularidade no lado esquerdo da defesa. Prestianni, Kökçü e Di María eram apontados ao onze inicial, surgindo como elos de ligação e no apoio a Pavlidis.

“Estiveram [o Moreirense] muito bem na época passada. Foi difícil jogar contra eles, num estádio pequeno, e empatámos duas vezes. Começaram esta época muito bem, ganharam os primeiros jogos, fizeram um jogo corajoso em Braga, por isso é que todo o nosso foco tem de estar neste jogo. Estamos bem preparados e motivados para continuar a praticar um bom futebol e a vencer”, garantiu Schmidt na véspera da partida.

Do outro lado estava uma equipa agora treinada por César Peixoto e que começou bem o campeonato, encontrando-se em igualdade pontual com as águias antes deste desafio. Sem Alanzinho, que tem um problema muscular, Ofori e Sidnei Tavares têm conseguido comandar o setor intermédio. “Esperamos um Benfica forte, sabendo que com as críticas não pode facilitar. Sabemos que o Benfica vem com tudo, porque não pode facilitar em nada, senão as coisas podem não correr bem. Não olhámos só para o Benfica, mas para nós próprios, para saber onde podemos melhorar defensivamente e ofensivamente para sermos mais competitivos”, assumiu Peixoto.

O anúncio dos onzes iniciais trouxe uma grande novidade na turma de Peixoto: Alanzinho recuperou e regressou à titularidade, por troca com Sidnei Tavares. Na equipa de Schmidt confirmou-se o que se perspetivava, Di María entrou para o lugar de Aursnes, mas o alemão também mexeu na defesa, com o regresso da dupla Otamendi-António Silva e a ida de Tomás Araújo para o banco. O primeiro quarto de hora foi bastante agitado, com o Benfica a entrar melhor e a encontrar a resposta de um Moreirense talhado para as transições rápidas. No primeiro remate, Kökçü tentou o golo de fora da área, mas a bola saiu por cima (2′). Na resposta, Alanzinho tentou isolar Madson, só que o extremo não conseguiu dominar e o lance perdeu-se (3′). Pouco depois repetiu-se o protagonista, mas desta feita o remate do brasileiro parou nas mãos de Trubin (9′). De livre, Di María voltou a rematar por cima (15′).

A partir daí os índices de espetacularidade decresceram e as duas equipas passaram a circular longe da baliza a adversária e a disputarem cada lance ao limite. Até ao intervalo, o Benfica assumiu o domínio da partida, mas não conseguiu criar ocasiões de perigo, apresentando muitos problemas na fase de construção. Com um futebol lento e muito previsível, o Moreirense lá conseguiu aguentar durante os primeiros 45 minutos e chegou ao golo no tempo de compensação, mas André Narciso, após consultar as imagens, anulou o lance por falta no início da jogada (45+1′).

Ao intervalo, Roger Schmidt mexeu no setor intermediário, tirando Florentino e colocando Renato Sanches. A substituição acabou por ter claro impacto na postura da equipa, que se apresentou mais intensa e dinâmica, conseguindo encontrar espaços e entrar no último terço do terreno de jogo. Na primeira ocasião, Pavlidis ficou perto do golo, mas Kewin, em esforço, conseguiu parar o remate (52′). Na jogada seguinte, valeu Maracás a impedir que a bola do grego entrasse na baliza (53′). A resposta cónega apareceu de bola parada, com Alanzinho a cruzar para o cabeceamento de Maracás, que obrigou Trubin a defesa apertada (62′).

As substituições de Roger Schmidt, que tirou Di María devido a uma eventual lesão no pé direito, tiveram impacto no jogo da equipa, que nunca mais conseguiu chegar com perigo à área do Moreirense. Esse cenário manteve-se mesmo com dois pontas de lança em campo — Arthur e Marcos Leonardo. Até que, a pouco mais de cinco minutos do fim, Carreras errou um passe em zona perigosa, Benny serviu Ofori que, com um remate frouxo que desviou em António Silva e traiu Trubin, inaugurou o marcador (84′).

Mais com o coração do que com a cabeça, prova disso é a entrada de João Rego para o lugar de Kökçü, os encarnados partiram em busca do empate, que Otamendi não conseguiu concretizar (89′). Contudo, no penúltimo minuto da partida, Luis Asué derrubou Leandro Barreiro dentro da área e André Narciso assinalou o penálti (90+6′). Na cobrança, Marcos Leonardo atirou forte e colocado, Kewin ainda adivinhou, mas não impediu o empate (90+8′). A águia salvou-se no último suspiro, mas continua a voar baixinho e já leva cinco pontos perdidos em apenas quatro jornadas.