Era o dia um da defesa da liderança para o Benfica. Devido à paragem para as seleções e à Taça de Portugal parece que foi há uma eternidade que os encarnados venceram de forma dramática o Sporting (2-1) e subiram ao primeiro lugar do campeonato. Ainda assim, a visita ao Moreirense foi a estreia da equipa de Roger Schmidt a entrar em campo no topo da tabela esta época.

“Sempre estivemos perto do topo, perdemos o primeiro jogo e depois vencemos todos tirando o Casa Pia”, lembrou o treinador alemão do Benfica. “O importante é acabar em primeiro. Cada jornada é uma hipótese de continuar em primeiro e é essa a situação em que estamos. Neste momento, não estou demasiado preocupado com a tabela, o importante é jogarmos bom futebol, evoluirmos e utilizarmos cada jogo para acertar alguns pormenores”.

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Ao contrário do que a desastrosa campanha europeia (ou “falhanço”, como lhe chamou Rui Costa) possa fazer parecer, no campeonato, o Benfica tem vindo a crescer e a diminuir distâncias, em termos de rendimento, para o Sporting, possivelmente a equipa mais constante desde o início do campeonato. Depois do empate com o Inter (3-3), as águias iam defrontar a equipa sensação do campeonato, o Moreirense.

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“O que esperamos é um jogo muito difícil fora. Penso que o adversário tem estado muito bem”, analisou Schmidt. “Já na temporada passada tivemos um jogo difícil contra eles [Taça da Liga], num estádio muito pequeno. Estão na Primeira Liga a fazer uma temporada muito boa. É uma equipa muito bem organizada, com muita qualidade individual, são muito perigosos no ataque e muito robustos na defesa. Isso faz com que não vá ser um jogo fácil, mas estamos em boa forma, estamos a jogar bom futebol e é a próxima tarefa a ultrapassar”.

Na temporada passada, o Moreirense conquistou a Segunda Liga e subiu ao escalão máximo do futebol português. A equipa treinada por Rui Borges recebia o Benfica no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas na condição de terceira melhor defesa do campeonato, registo que supera, por exemplo, o Sporting. A campanha positiva valia um quinto lugar à entrada para a 12.ª jornada.

“O adversário tem de estar ciente que vai encontrar uma equipa motivada, ambiciosa, corajosa, que não se cansa de ganhar. O Benfica vai encontrar uma equipa competitiva e corajosa, a querer lutar pelos três pontos. Com todo o respeito pela grandeza do adversário, queremos vencer. Acredito que também nos vão respeitar”, disse Rui Borges, técnico que comanda a equipa que chegou a este embate numa sequência de três triunfos consecutivos (contra Arouca, Vitória SC e Estrela), todos por 1-0.

Roger Schmidt teve que improvisar ao colocar Aursnes no lado direito da defesa, solução que se vai tornando cada vez mais definitiva, pois Alexander Bah, opção natural para aquela posição, vai estar a recuperar de lesão até janeiro. A falta de soluções para o posto pode até levar o Benfica a procurar reforçar-se em janeiro, embora Schmidt tenha preferido não se focar nessa questão. De resto, o clube da luz não fez qualquer mudança no onze inicial em relação ao jogo com o Inter para a Liga dos Campeões.

Ficha de Jogo

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Moreirense-Benfica, 0-0

12.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Moreirense: Kewin Silva, Fabiano, Maracás, Marcelo, Pedro Amador (Frimpong, 84′), Ismael (Ponck, 66′), Gonçalo Franco, Kodisang (Antonisse, 66′), Alan (Aparício, 84′), Madson (Camacho, 84′) e André Luís

Suplentes não utilizados: Caio Secco, Matheus Aiás, Gilberto Batista e Macedo

Treinador: Rui Borges

Benfica: Trubin, Aursnes, Otamendi, António Silva, Morato (João Victor, 88′), Florentino (Kokcu, 45′), João Neves (Chiquinho, 45′), Di María, Rafa, João Mário (Gonçalo Guedes, 88′) e Casper Tengstedt (Arthur Cabral, 72′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Musa, Tomás Araújo e Tiago Gouveia

Treinador: Roger Schmidt

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ismael (23′), Maracás (45′), Gonçalo Franco (47′), Marcelo (50′) e Kokcu (79′)

Apesar do ataque do Benfica contar com Casper Tengstedt, que somou a terceira titularidade consecutiva, Di María, que se fala cada vez com mais insistência que pode estar a caminho do Rosario Central no final da época, e João Mário, que vinha de um jogo em que completou um hat-trick, foram Madson e André Luís que se destacaram. Dois dos elementos do trio ofensivo do Moreirense protagonizaram uma entrada muito forte por parte dos minhotos. Madson, inclusivamente, acertou na barra da baliza à guarda de Trubin. Por sua vez, André Luís fez mesmo as redes abanarem, mas estava em posição irregular. Pelo meio, Florentino desviou um canto de Di María que esteve perto de entrar.

Registada que estava uma entrada impetuosa do Moreirense. O Benfica conseguiu conter o fulgor ofensivo dos cónegos e a equipa de Rui Borges lidou bem com a situação, unindo-se defensivamente e controlando o jogo sem bola. Roger Schmidt estava descontente e retirou do campo João Neves e Florentino, reformulando a dupla de médios na segunda parte. Entraram Kokcu e Chiquinho para tentarem desbloquear um jogo que estava complicado. No entanto, foi na sequência da saída de Casper Tengstedt e da entrada de Arthur Cabral que o Benfica chegou ao golo por intermédio de João Mário. Ainda assim, o médio estava em posição adiantada quando recebeu o passe de Di María.

Não se pode dizer que o Benfica não tenha tentado tudo para chegar ao golo quando Schmidt até João Victor colocou dentro do campo nos minutos finais. O bloco defensivo do Moreirense permaneceu inquebrável e sem conceder oportunidades de golo. Perante tanta carência de criatividade, os encarnadas acabaram por não marcar. O empate a zero permite ao FC Porto diminuir para apenas um ponto a distância face ao emblema da Luz e, caso o Sporting vença esta segunda-feira o Gil Vicente, a equipa de Rúben Amorim pode voltar a liderar o campeonato de forma isolada.