O dia começou com tristeza. O dia acabou com uma grande alegria. No espaço de poucas horas, a Kern Pharma viveu duas emoções tão distintas que só o ciclismo pode provocar. Pablo Castrillo foi o grande vencedor na estação de esqui de Manzaneda, dando à equipa do segundo escalão a primeira vitória de sempre numa Grande Volta. E logo na estreia. E logo no dia em que Manolo Ascona, fundador da equipa, morreu. Na geral não houve alterações, depois de mais uma etapa marcada pela fuga.

“O início foi difícil. O ritmo estava muito forte quando a fuga escapou. Depois, deixámos que eles seguissem e controlámos a corrida. Mantivemos um ritmo constante na última subida, que foi bastante rápida e não favorecia os ataques. Mas, no geral, senti-me muito bem hoje [quinta-feira]. Nunca perdi a confiança. Fiquei um pouco irritado [com a perda de tempo], sim, mas nunca deixei de acreditar em mim mesmo. Amanhã [sexta-feira] teremos um final extremamente duro [Puerto de Ancares, com 7,5km a 9,3%, e que tem os últimos 5km acima dos 10%], será uma das etapas mais importantes desta Vuelta”, analisou o líder Ben O’Connor (Decathlon-AG2R La Mondiale), que continua com uma vantagem confortável sobre Primoz Roglic (Red Bull-Bora-hansgrohe).

Pelo segundo dia consecutivo, a Vuelta contou com um final em alto. Antes, o percurso entre Lugo e Puerto de Ancares tinha reservadas duas contagens de segunda categoria e uma de terceira. Perspetivava-se mais uma etapa para a fuga, dada a permissividade da Decathlon e das equipas que também estão a lutar pela geral. Como seria de esperar, um grupo com 24 elementos formou-se rapidamente na frente da corrida, com Wout van Aert (Visma), Marc Soler (UAE Team Emirates) e Mauro Schmid (Jayco AlUla) à cabeça.

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Sem força — e vontade — para perseguir a fuga, o pelotão deixou a desvantagem chegar aos 15 minutos, número inédito nesta edição da Volta a Espanha. Com a aproximação das contagens de montanha, o grupo ficou reduzido a oito elementos, numa fase em que a vantagem já estava para lá dos 16 minutos. Na descida do Puerto de Lumeras, onde Van Aert garantiu a liderança da classificação da montanha, Brandon McNulty (Emirates) caiu e o grupo ficou apenas com o belga, Soler, Sam Oomen (Lidl-Trek), Michael Woods (Israel-Premier Tech) e Schmid.

A cinco quilómetros do fim, Schmid atacou e partiu grupo, com apenas Woods a conseguir acompanhá-lo. Contudo, o campeão suíço acabou por não conseguir acompanhar a contraofensiva do campeão canadiano pouco depois, que conquistou uma vitória numa Grande Volta pela segunda temporada consecutiva, a terceira na Vuelta. Schmid ficou com a segunda posição e Soler fechou o pódio da etapa.

No pelotão, Ben O’Conner ficou para trás ainda na primeira fase da subida, e só Sepp Kuss (Visma) e Enric Mas (Movistar) conseguiram seguir Primoz Roglic. No entanto, a menos de três quilómetros do alto, Kuss acabou por ceder e Mikel Landa (Soudal Quick-Step) recolou no duo. Mais à frente, Roglic acelerou e deixou os rivais para trás, terminando a 10.54 minutos de Woods. O líder da Red Bull acabou por ganhar 35 segundos a Landa e 58 segundos a Richard Carapaz (EF Education-EasyPost) e Mas. O’Connor, que viu o companheiro Felix Gall deixá-lo para trás, perdeu 1.55 minutos para Roglic.

Assim, na geral, Ben O’Connor continua a liderar, mas a vantagem para Primoz Roglic é cada vez mais curta, cifrando-se agora nos 1.21 minutos. Apesar da quebra, Enric Mas continua na terceira posição, a 3.01, com 12 segundos de vantagem para Richard Carapaz e 19 para Mikel Landa. Carlos Rodríguez (Ineos Grenadiers) está na sexta posição, a 4.12, e cimentou a liderança da juventude, tendo agora menos 17 segundos que Florian Lipowitz (Red Bull).