O gabinete responsável pela investigação ao acidente com um helicóptero de combate a incêndios, na última sexta-feira, revela que, já na descida em direção a Armamar, o piloto se desviou de uma ave de médio de porte, tendo de seguida embatido nas águas do Douro a uma velocidade de 185/kms. Num relatório preliminar às causas do acidente, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) não avança, contudo, com uma causa para a queda do aparelho. “A aeronave colidiu com a superfície da água com uma velocidade em torno dos 100 nós (185 km/h) por motivos a determinar”, pode ler-se.

“O voo de regresso à base de Armamar a aeronave iniciou uma descida constante, onde sobrevoou a margem esquerda (sul) do Rio Douro em direção à cidade de Peso da Régua. No decurso dessa descida, segundo as declarações do piloto, este terá observado uma ave de médio porte à mesma altitude e na trajetória do helicóptero, que o obrigou a executar um desvio à direita, retomando a rota logo de seguida. Dos dados recolhidos até ao momento não foi possível determinar de forma independente o ponto de execução dessa manobra”, pode ler-se.

Dois ocupantes do cockpit foram projetados no momento do embate

Segundo o organismo que investiga os acidentes aéreos em Portugal, dois dos ocupantes foram projetados para fora da aeronave no momento do embate na água: o piloto e a pessoa que ocupava o outro lugar no cockpit do helicóptero. “No processo de dissipação de energia ocorrido durante a colisão, o piloto, sentado à direita, e o ocupante da cadeira esquerda do cockpit foram projetados para fora da aeronave“, concluíram os investigadores, acrescentando que “da violenta colisão com a água, o helicóptero sofreu uma deformação da cabine incompatível com a sobrevivência dos seus ocupantes”.

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“A integridade estrutural ficou comprometida, libertando parte dos elementos de revestimento em material compósito. Estes componentes de baixa densidade ficaram à superfície enquanto os restantes destroços assentaram no leito do Rio entre 4 e 6 metros de profundidade numa área de aproximadamente 3600 metros quadrados”, detalha o relatório preliminar do GPIAAF.

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Segundo os investigadores, estão ainda por “recolher do rio componentes do painel de instrumentos da aeronave, por dificuldades na sua localização”.

O GPIAAF refere que foi oficialmente notificado para o acidente às 12:45, “tendo deslocado uma equipa de investigacão de aviação civil para o local, iniciando os trabalhos no terreno pelas 16:45, prosseguindo com as entrevistas a testemunhas e recolha de informação documental”. O organismo vai tentar agora determinar os fatores que causaram e/ou que contribuíram para o acidente, mas vai analisar também outros aspetos relacionados com a ocorrência, nomeadamente o planeamento do voo, as componentes críticas da aeronave, o treino, preparação e experiência do piloto, a “dinâmica do voo” e os “aspetos de sobrevivência”.

O acidente, que ocorreu por volta das 11h30 da última sexta-feira, provocou a morte a cinco militares do Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR (que tinham estado no combate a um incêndio em Baião), e que tinham idades entre os 29 e os 45 anos. Ainda na sexta-feira, foram recuperados das águas do Douro os corpos de quatro militares. O quinto elemento foi encontrado já no sábado, ao fim de 28 horas de operações de buscas, também sem vida.

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O piloto, de 44 anos, foi único sobrevivente do acidente, tendo sido transportado para o Hospital de Vila Real, onde foi operado.