Dois dias depois de Emmanuel Macron ter nomeado Michel Barnier, ex-negociador-chefe da Comissão Europeia para o Brexit e membro do partido de centro-direita, Les Républicains, como o novo primeiro-ministro de França, milhares de pessoas saíram à rua este sábado para se manifestarem contra a decisão.
De acordo com a BBC, estão a acontecer cerca de 130 protestos, tendo o maior partido do centro de Paris. Marselha e Lyon são outras cidades onde as ruas têm sido invadidas com cartazes e palavras de ordem como “negação da democracia” e “eleições roubadas”.
Em resposta à nomeação de Barnier, dois meses após as eleições legislativas em que nenhum partido assegurou uma maioria absoluta, sindicatos e partidos políticos de esquerda apelaram a protestos em massa este sábado por todo o país, antes de novas ações, que incluem possíveis greves a 1 de outubro.
Entre os apelos, esteve o de Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, partido que faz parte da Nova Frente Popular, que venceu as eleições de 7 de julho em França. Na quinta-feira, o líder da extrema-esquerda francesa criticou a decisão de Macron, afirmando que a escolha “não corresponde ao resultado das eleições”, e pediu a“mobilização mais poderosa possível” em marchas nacionais.
A esquerda acusou ainda o Presidente francês de negar a democracia e de roubar as eleições, depois de ter recusado escolher a candidata da aliança Nova Frente Popular (NFP), Lucie Castets, para primeira-ministra.
De acordo com o The Guardian, na sequência da decisão, o instituto de sondagens Elabe publicou uma sondagem na sexta-feira que mostra que 74% dos franceses consideram que Macron desrespeitou os resultados das eleições, com 55% a acreditar que as roubou.
Por sua vez, Michel Barnier disse estar aberto à formação de um governo com políticos de todo o espetro político, incluindo a esquerda. Apesar da nomeação, a oficialização de Barnier enquanto primeiro-ministro depende de aprovação do parlamento.