O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou este sábado aos líderes dos insurgentes que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, norte do país, para se renderem, avisando que a “paciência está a acabar”.

“Sabemos os nomes de alguns deles [dos líderes], devem entregar-se agora, porque a paciência está a acabar, e pode ser tarde, porque já terão destruído muita coisa”, disse Nyusi.

O chefe de Estado moçambicano falava na cidade da Matola, província de Maputo, durante o discurso alusivo ao 50.º aniversário dos Acordos de Lusaka, assinados em 7 de setembro de 1974 entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e o Governo colonial português, para a independência de Moçambique, proclamada em 25 de junho de 1975.

Filipe Nyusi avançou que, no dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), em 25 de setembro, poderá voltar a divulgar os nomes dos cabecilhas dos “terroristas” que atuam na província de Cabo Delgado, norte do país, tal como fez em ocasiões anteriores.

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Nyusi elogiou os veteranos da guerra colonial, que “voltaram a pegar em armas”, como “força local”, no combate aos rebeldes em Cabo Delgado. “Os nossos veteranos, estruturados em força local, ao longo dos distritos atingidos pelo terrorismo, decidiram voltar a pegar em armas para combater um novo inimigo, apesar da idade avançada”, declarou o chefe de Estado moçambicano.

A ação conjunta das forças governamentais de Moçambique, Ruanda e da África Austral conseguiu desmantelar as bases dos grupos armados e a fuga dos insurgentes, prosseguiu.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que também apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.

Os festejos do Dia da Vitória, no sábado, vão ser marcados pela atribuição de condecorações a 1.572 veteranos da luta de libertação nacional em todo o país, em reconhecimento pelos seus feitos na guerra contra o colonialismo português.