A 18ª edição do MOTELX — Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, instala-se mais uma vez no Cinema São Jorge, entre os dias 10 e 16 de setembro. Este ano há a referir várias novidades, além das habituais secções competitivas e de exibição (há dez curtas-metragens nacionais a competir pelo Prémio MOTELX — Melhor Curta de Terror Portuguesa 2024, e oito na seleção para o Méliès d’Argent-Melhor Curta Europeia 2024), de conversas, lançamentos de livros, workshops e a 10ª edição do GUIÕES — Festival do Roteiro de Língua Portuguesa, criado para dar oportunidade a novos talentos que desejam desenvolver projetos de terror (e já há cinco títulos escolhidos para o respetivo prémio).
Temos a secção Sala de Culto, em que veremos o telefilme Experiência em Terror (1987), de António de Andrade Albuquerque (o autor de policiais português que escrevia sob o pseudónimo de Dick Haskins) e O Velho e A Espada (2024), de Fábio Powers, uma comédia fantástica ambientada na Beira Baixa; o ciclo A Bem da Nação: Os Filmes de Terror Proibidos pelo Estado Novo, que mostra quatro filmes deste género vetados pela censura no antigo regime, mais uma sessão surpresa na pequena Sala Rank do São Jorge; e o atualíssimo tema da Inteligência Artificial (AI), tratado através da projeção de Cartas Telepáticas, de Edgar Pêra, cujas imagens foram criadas por AI, e no AI Horror Short Films Showcase, em que um punhado de cineastas abordam esta tecnologia de forma artística. Escolhemos, sete títulos muito distintos uns dos outros e de múltiplas origens, de entre toda a programação, que pode ser consultada aqui.
TERROR NO VÍDEO — Censor, de Prano Bailey-Bond – Nunca estreado comercialmente em Portugal e vencedor do Méliès d’Or em 2021, Censor marca a estreia da galesa Prano Bailey-Bond e passa-se em Inglaterra nos anos 80 da histeria e da controvérsia dos video nasties, os ditos filmes de terror extremo da altura. A protagonista é Enid, uma rigorosa censora da British Board of Film Classification, que leva uma vida caseira e solitária, e cuja irmã, Alice, desapareceu quando eram ambas pequenas. Os pais acabaram por a declarar morta mas Enid nunca desistiu de a procurar, e um filme de terror em vídeo particularmente inquietante que lhe passa pelas mãos dá-lhe esperança. (Sábado, dia 14 — São Jorge, Sala 3, 17h20)
TERROR EM LOS ANGELES – MaXXXine, de Ti West – Depois de X e da prequela Pearl, reencontramos Maxine Minx (Mia Goth) em 1985. Ela sobreviveu ao massacre na quinta do primeiro filme e quer sair do meio do cinema pornográfico e tornar-se uma actriz a sério. A oportunidade desta filha de um televangelista caída no pecado surge sob a forma de um papel num filme de terror de série B. Só que Maxine vê-se incomodada pelo detective da polícia de Los Angeles John Labat (Kevin Bacon), e por dois agentes que investigam a morte dos seus amigos, e perseguida pelo assassino em série Night Stalker. (Quinta, dia 12— São Jorge, Sala Manoel de Oliveira, 21h25/domingo, dia 15 — São Jorge, Sala Manoel de Oliveira, 18h20)
TERROR FRANCÊS – Le Mangeur d’Âmes, de Alexandre Bustillo e Julien Maury – Virginie Ledoyen, Paul Hamy e Sandrine Bonnaire são os principais intérpretes desta primeira fita como realizadores da dupla de argumentistas Alexandre Bustillo e Julien Maury (The Deep House, Leatherface: A Origem do Mal). Um capitão e uma comandante da policia juntam forças para investigar o desaparecimento de uma série de crianças, e de assassinatos paralelos, que se deram numa pequena vila das montanhas de França. Ao fazê-lo, tomam conhecimento com uma velha e sinistra lenda local, que se refere à existência de uma criatura sobrenatural e maléfica: o Devorador de Almas. (Domingo, dia 15 — São Jorge, Sala Manoel de Oliveira, 15h40)
TERROR DA ÁSIA – Exhuma, de Jang Jae-jun – O cinema fantástico sul-coreano continua a ir de vento em popa. Em Exhuma, um thriller sobrenatural, um célebre xamã e o seu parceiro são contratados por uma abastada família instalada nos EUA, para que investiguem a maldição que a aflige. O xamã deteta um aura sinistra no membro mais novo da família e pede que a sepultura de um dos seus antepassados seja relocalizada. Choi Min-sik, o intérprete de Oldboy — Velho Amigo, de Park Chan-wook, lidera o elenco. (Quinta, dia 12 — São Jorge, Sala Manoel de Oliveira, 15h25)
TERROR COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – Cartas Telepáticas, de Edgar Pêra – Fernando Pessoa e H.P. Lovecraft viveram na mesma altura mas nunca se conheceram nem se corresponderam. Em Cartas Telepáticas, Edgar Pêra, que continua na companhia de Pessoa após Não Sou Nada, concebe uma troca de cartas imaginária entre o genial poeta português e o mestre do terror norte-americano, recorrendo, de forma pioneira no cinema português, às possibilidades da Inteligência Artificial, que gerou todas as imagens deste filme. (Quarta, dia 11 — São Jorge Sala 3, 19h05)
TERROR PROIBIDO – Invasão dos Mortos-Vivos, de John Gilling – Um dos filmes do ciclo A Bem da Nação: Os Filmes de Terror Proibidos pelo Estado Novo, Invasão dos Mortos-Vivos (The Plague of the Zombies, no original), data de 1966 e foi o único produzido pela Hammer sobre mortos-vivos, aqui ainda na modalidade vudu e magia negra pré-George Romero. A história decorre numa aldeia da Cornualha onde as pessoas estão a morrer devido a uma estranha epidemia. O médico local pede então ajuda a um amigo, um renomado professor. (Terça, dia 10 — São Jorge, Sala 2, 18h00)
TERROR EM DOCUMENTÁRIO – Dario Argento-Panico, de Simone Scafidi – O autor de clássicos do terror psicológico e sobrenatural como O Pássaro com Plumas de Cristal, Suspiria ou Phenomena é captado, neste documentário biográfico da sua compatriota Simone Scafidi feito para a plataforma Shudder, a escrever o argumento do seu mais recente filme, isolado do mundo num quarto de um hotel de Roma, tal como aconteceu anteriormente. Entre outros, falam aqui sobre Argento, a sua filha Asia, Lamberto Bava, Michele Soavi ou Guillermo del Toro. (Terça, dia 10 — São Jorge, Sala 3, 18h35)