Em março de 2016, a propósito da aproximação do casamento da sua personagem na série “Suits”, Meghan Markle já tinha revelado qual era o seu vestido de noiva de sonho. Só não esperávamos que o levasse tão à letra no grande dia. Afinal, apesar do recato e tradicionalismo impostos pela casa real britânica, que a teriam impedido, por exemplo, de usar um vestido caicai como o que usou no seu primeiro casamento, a ex-actriz podia sempre ter optado por algo mais elaborado, uma renda, um folho discreto, um colarinho sofisticado, mas não.

Depois de ter dito que o seu vestido de sonho era aquele com que Carolyn Bessette casou com John F. Kennedy Jr, em 1996, desenhado por Narciso Rodriguez, Meghan levou o sonho até ás últimas consequências e encontrou na designer britânica Clare Waight Keller, que no ano passado assumiu a direção criativa da maison Givenchy, o génio criativo capaz de lhe dar forma. E forma não lhe falta, aliás forma é tudo o que ele tem, bem ao estilo da casa de alta-costura francesa e da criadora que já esteve à frente das marcas Pringle of Scotland e Chloé.

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De mangas compridas e costas fechadas, há algo de monástico no vestido de noiva de Meghan Markle que contrasta com o de Bassette, fluido, decotado e sem mangas. A seda, desenvolvida especialmente para a celebração deste sábado, tem na verdade uma espessura dupla, fazendo com que o vestido seja mais pesado e que tenha menos movimento. No decote, a agora Duquesa de Sussex foi mais longe. Ao contrário de Kate Middleton e Sarah Burton, a designer da casa McQueen, que, em 2011, apostaram num decote pouco profundo, mas vertical, Meghan optou por mostrar parte dos ombros, defendida pela sobriedade do design do vestido no seu todo.

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© ANDREW MATTHEWS/AFP/Getty Images

Além disso, estrutura e linhas esculturais são algumas das premissas do atelier francês, fundado em 1952 por Hubert de Givenchy, que morreu em março deste ano. Homenagem? Talvez. Afinidade? Dificilmente, embora Givenchy vá ser para sempre recordado com o homem que fez o vestido de noiva de Audrey Hepburn. Fora da equação de Markle e Keller ficaram as rendas, os bordados e os materiais transparentes, embora o ligeiro volume do vestido lhe fosse conferido por um saiote composto por três camadas de organza de seda. Contas feita, segundo o Daily Mail, o vestido ficou em 228.000 euros.

O véu, um jardim da Commonwealth

Pode não ter reparado, mas o véu de cinco metros em tule de seda, aparentemente simples, tinha as orlas bordadas com flores, em representação dos 53 países que compõem a Commonwealth: quatro eram do Reino Unido, duas de Chipre e Malta, 19 em representação dos países africanos, sete da Ásia, 13 espécies da América e Caraíbas e 11 dos países do Pacífico. O véu foi também desenhado por Clare Waight Keller e os bordados feitos com fios de seda e organza. Segundo a casa real, o véu demorou centenas de horas a ser feito, com os artesãos do atelier Givenchy a terem de lavar as mãos de meia em meia hora para manter o tule e os fios de seda intactos.

Detalhe do véu de Meghan Markle © Andrew Matthews WPA Pool/Getty Images

A tiara, os sapatos e o bouquet

Usar uma tiara da família real é uma tradição que já vai longa e Meghan escolheu uma das mais simples, a tiara de diamantes da Rainha Maria, emprestada à noiva por Isabel II. A peça, feita de platina e diamantes para a rainha Maria, data de 1932 e foi construída para receber uma outra joia ainda mais antiga. O círculo que se vê ao centro é um broche com 10 diamantes reluzentes. Foi oferecido pelo Condado de Lincoln à princesa Maria em 1893, por ocasião do seu casamento com o príncipe Jorge. Em 1953, ambas as peças foram oferecidas pela rainha Maria à atual monarca. Além da tiara, Meghan usou ainda um par de pequenos brincos e uma pulseira na mão direita, ambas as peças com diamantes e da autoria da Cartier.

Brancos e em cetim, ainda que pouco ou nada visíveis durante a cerimónia, são os sapatos, também estes desenhados e feitos pela Givenchy.

© JONATHAN  BRADY/AFP/Getty Images

No que toca ao bouquet, pode ter sido Philippa Craddock a florista que o compôs, mas foi o próprio noivo, o príncipe Harry, agora também Duque de Sussex, quem colheu as flores. O ar campestre do arranjo não é um acaso. Harry apanhou as flores na véspera do casamento, num dos jardins privados do Palácio de Kensington. O bouquet primaveril incluiu miosótis, as flores favoritas de Diana, escolhidas pelo casal para homenagear a princesa no dia do enlace. As flores de murta também lá estiveram lá e para cumprir o protocolo. Desde o casamento da princesa Vitória, filha mais velha da rainha com o mesmo nome, que esta espécie é obrigatória em todos os ramos dos casamentos reais.

A maquilhagem

Serge Normant foi o responsável pelo cabelo de Meghan e optou por apostar numa coerência de todo o visual, deixando-o apanhado, mas com um ar natural. O maquilhador Daniel Martin, que é também amigo de longa data da ex-atriz, fez com que a maquilhagem fosse quase imperceptível. Parece que Meghan casou quase ao natural — afinal as sardas são para ser mostradas, sobretudo num dia como este.