Os trabalhadores da Boeing na zona de Seattle, na costa oeste dos EUA, aprovaram uma greve, rejeitando um novo contrato proposto pela construtora aeronáutica norte-americana, anunciou o sindicato.

Os trabalhadores votaram 96% a favor da greve, disse o presidente do sindicato dos maquinistas IAM-Distrito 751, Jon Holden. “Vamos entrar em greve à meia-noite” locais (8h00 em Lisboa), acrescentou.

A paralisação vai abranger cerca de 33 mil trabalhadores da montagem de aviões, a maioria dos quais na zona de Seattle, levando à suspensão da produção dos aviões mais vendidos da empresa.

Os membros da Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais votaram sobre uma proposta de contrato que inclui aumentos salariais de 25% em quatro anos. Mas o sindicato queria aumentos de cerca de 40%, argumentando que o aumento proposto não cobria o aumento do custo de vida.

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Stephanie Pope, presidente da unidade de aviões comerciais da Boeing, tinha dito aos maquinistas, no início desta semana, que o acordo provisório era o “melhor contrato que já apresentamos”.

Nas negociações anteriores, pensava-se que deveríamos reter algo para podermos ratificar o contrato numa segunda votação”, disse a responsável. “Desta vez falamos sobre essa estratégia, mas escolhemos deliberadamente um novo caminho.”

A greve não deverá causar cancelamentos de voos nem afetará diretamente os passageiros das companhias aéreas, mas será mais um golpe para a reputação e as finanças da Boeing, num ano marcado por problemas nas operações aéreas, de defesa e espaciais.

Uma analista do banco de investimento Jefferies, especializada no setor do transporte aéreo, estimou que o impacto financeiro de uma greve equivaleria a 1,5 mil milhões perdidos pela Boeing no espaço de 30 dias. Isso “poderia desestabilizar fornecedores e as cadeias de fornecimento”, avisou Sheila Kahyaoglu.

A produção da Boeing ficou aquém das expectativas e a dívida está a aumentar, à medida que a empresa tenta eliminar as falhas de fabrico que foram detetadas após a explosão de um Boeing 737 Max 9 (quase novo) no início do ano. Esse incidente, a par de revelações feitas por pessoas que lá trabalharam, gerou um escrutínio mais apertado das autoridades em relação às práticas de produção da Boeing.